domingo, fevereiro 25, 2007

136- A ti, Zeca...

Vinte anos são passados desde que partiste , partiste na única certeza que em nós existe, que é a morte, no entanto viverás para sempre entre os que te admiram , entre os que contigo aprenderam, entre os que tal como tu e, cada um na sua maneira, sofreram. Para mim a tua figura , vai muito mais além do que a fortemente marcada como forma de intervenção, apesar de então e mesmo hoje ser muito comum reconhecer-se o valor quando a título póstumo, coisas tão importantes há em vida que fáz mover multtidões, sentimentos, símbolos de coragem e de fé num Mundo melhor, era isso que sentia , aquele táo característico arrepio de espinha, quando te escutava.
É pena que com o passar dos anos não se dê a devida importância à divulgação de "ícones" tão marcantes na nossa história e que a miudagem parta para a vida sem ter conhecimento de tal. Nesse intuito e para os mais jovens, aqui deixo parte do que sei, do que senti, do que vivi, dos três espectáculos que assiti, recordo um aqui perto, na Figueira da Fóz, cuja recordação estará marcada para sempre em mim.
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos , nasce em Aveiro a 02 de Agosto de 1929 , vindo a falecer em Setúbal a 23 de Fevereiro de 1987, ficará para sempre conhecido por Zeca Afonso, ele foi um cantor e compositor marcante na área da música de intervenção em Portugal sobretudo direccionada numa intervenção crítica ao Estado Novo, regime vigente no nosso País até 1974 e que tantas más recordações deixou em nossa memória.
Pode ler-se em partes da sua biografia, e passo a citar:- foi criado pela tia Gé e pelo tio Xico, numa casa situada no Largo das Cinco Bicas, em Aveiro, até aos 3 anos (1932), altura em que foi viver para Angola com os pais e irmãos. A relação física com a natureza causou-lhe uma profunda ligação ao continente africano cujo cariz se reflectirá pela sua vida fora. As trovoadas, os grandes rios atravessados em jangadas, a floresta esconderam-lhe a realidade colonial. Só anos mais tarde saberá o quão amarga é essa sociedade, moldada por influências do "apartheid".
Em 1937, volta para Aveiro onde é recebido por tias do lado materno, mas parte no mesmo ano para Moçambique, de onde regressará para viver com seu tio Filomeno, em Belmonte. Este seu tio era, na altura, presidente da câmara de Belmonte. Ali, zeca Afonso, completou a instrução primária e viveu o ambiente mais profundo do Salazarismo .
Zeca Afonso vai para Coimbraa em 1940 e começa a cantar por volta do quinto ano no Liceu D. João III. Os tradicionalistas reconheciam-no como um bicho que canta bem. I nicia-se em serenatas e canta em «festarolas de aldeia». O fadoo de Coimbra, lírico e tradicional, era principalmente interpretado por si.
Os meios sociais miseráveis do Porto, no Bairro do Barredo, inspiraram-lhe para a sua balada «Menino do Bairro Negro». Em 1958 , grava o seu primeiro disco "Baladas de Coimbra". Grava também, mais tarde, "Os Vampiros" que, juntamente com "Trova do Vento que Passa" (um poema de Manuel Alegre, musicado e cantado por Adriano Correia de Oliveira) se torna um dos símbolos de resistência antifascista da época. Foi neste período (1958-1959) professor de Francês e de História aqui ao lado , na Escola Comercial e Industrial de Alcobaça, era eu ainda "um puto de bibe e alparcata sem sola".
Em 1964, parte novamente para Moçambique. Quando regressa a Portugal, é colocado como professor em Setúbal, mas, devido ao seu activismo contra o regime, é expulso do ensino e, para sobreviver, dá explicações e grava o seu primeiro álbum, "Baladas e Canções".
Zeca Afonso torna-se no final da década de 60 um símbolo da resistência democráticaa. Mantem contactos com a LUAR (Liga Unitária de Acção Revolucionária) e o PCP o que lhe custará várias detenções pela PIDE. Continua a cantar e participa, em 1969, no 1º Encontro da "Chanson Portugaise de Combat", em Paris e grava tambem o LP "Cantares do Andarilho", recebendo o prémio da Casa da Imprensa pelo melhor disco do ano, e o prémio da melhor interpretação. de modo a fugir à censura, Zeca Afonso passa a ser tratado nos jornais pelo anagrama Esoj Osnofa (seu nome invertido).
Em 1971, edita "Cantigas do Maio", no qual surge "Grândola Vila Morena", que será mais tarde imortalizada como um dos símbolos da revolução de Abril. Zeca participa em vários festivais, sendo também publicado um livro sobre ele e lança o LP "Eu vou ser como a toupeira". Em 1973 canta no III Congresso da Oposição Democrática e grava o álbum "Venham mais cinco".
Após a Revolução dos Cravos continua a cantar, grava o LP "Coro dos tribunais" e participa em numerosos "cantos livres". A sua intervenção política não pára. Os seus últimos espectáculos decorrem nos Coliseus de Lisboa e do Porto, em 1983, quando Zeca Afonso já se encontrava doente. No final deste ano, é-lhe atribuida a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa (mais tarde, em 1994, é feita nova tentativa a título póstumo, mas a sua mulher recusa, dizendo que, se o marido a não tinha aceitado em vida, não seria depois de morto que a iria receber).
Em 1985 é editado o seu último álbum de originais, "Galinhas do Mato", em que, devido ao avançado estado da doença, José Afonso não consegue cantar a totalidade das canções. Em 1986, já em fase terminal da sua doença, apoia a candidaduta de Maria de Lurdes Pintassilg0 à presidência da república.
José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica. Será certamente recordado como um resistente que conseguiu trazer a palavra de protesto antifascista para a música popular portuguesa e também pelas suas outras músicas, de que são exemplo as suas baladas. "
Parte destas passagens foram consultadas "in Net" , no entanto recordo a minha vivência , no peso que tinham as suas letras quando das actividades sindicais e a luta laboral levada a cabo então, cujas suas palavras nos animavam para mais um dia, e mais um e outro ainda em luta de uma situação laboral melhor.
Zeca , onde estiveres, um abraço.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

135-Sobre o referendo...


Uma semana decorreu desde o referendo que visa a regulamentação da lei da despenalização voluntária da gravidez , o ‘Sim' ganhou com 2 238 053 votos, ou seja 59,25% dos votos expressos, e o ‘Não' obteve 1 539 078 votos, isto é 40,75%.
Terminada a contagem da votação no referendo a nível nacional é notória a distribuição dos "Sim" e do "Não" , sendo que o "Sim" foi quase arrebatador nos distritos centro e sul.
Não o faço a título de crítica , mas antes o pessoalmente querer aprofundar a questão do porquê :- Dizer-se que os apoiantes do "Sim" se encontram mais encostados politicamente a uma centro-esquerda, e que essa existe mais nestes distritos, como tanta vez tem acontecido na distribuição de votos em outras eleições ? não sei se poderei fazer essa observação, no entanto essa realidade aconteceu. Sendo quanto a mim, e na minha opinião de eleitor , uma questão acima de tudo ponderada pelo direito de opção, opção essa eu acredito que quem se prontificou a dirigir às secções de voto o fez em consciência plena , tendo em conta toda a vivência que teve ao longo da Vida e os ensinamentos que lhe foram transmitidos. Decerto que não foi porque "outros" que se votou "Sim" ou porque A ou B , votou "Não" . Situações tão delicadas como esta terão que ser ponderadas e em análise consciente deliberadas. A outra questão que a mim enquanto cidadão me preocupa , é o facto de a abstenção verificada ser superior a 56% , isto é caso para pensar, qualquer dia proponho-me criar um partido chamada de "Abstenção" , quem sabe ele ganhe qualquer uma das eleições que por aí hão-de vir. O que custa no meio disto tudo é que mais de 56% da população votante deixe tamanho valor de decisão e responsabilidade na mão de outros, a comodidade e o "deixa andar" tão comum por esse País fora , demonstra em meu entender um modo de insanidade ainda mais agravada quando ao haver conhecimento dos resultados da votação, haja quem de mim se abeire e diga , e passo a citar " Ainda bem que eu não votei, é sempre a mesma merda... até parece que andam a gozar com o povo..." . Sinceramente , para atitudes deste tipo é dificil mesmo encontrar-se um modo de compreensão e análise que permita da melhor forma, discutir a aprovação de um qualquer projecto lei, enfim ... realmente , não sei o que diga, mas infelizmente existe ainda muita mente mesquinha ao ponto de além de não participar, ainda por cima contrariar o resultado de uma qualquer votação . A Liberdade que Abril nos deu, não será Liberdade se nos comportarmos como em situações deste tipo, da Liberdade também fáz parte o dever de contribuir numa decisão, e se assim é, melhor gozaremos esse conceito de Liberdade quando todos participarmos com a nossa escolha, em actos tão importantes , como são as eleições ou referendos...

e pronto, que mais posso dizer ? ... Olhem , uma boa semana para Todos / GW

domingo, fevereiro 11, 2007

134-Já namorou hoje ? não ? porquê ?

Olá, bom dia
Como qualquer cidadão responsável (pelo menos faço os possíveis), acabei de cumprir aquilo que o meu ser em consciência me diz sobre a despenalização do aborto, sendo quanto a mim um direito de opção, não pude deixar de reflectir bastante sobre o acto e sobre a escolha que fiz. Mas vamos deixar esse resultado para a opinião dos que votam e aceitar o que acontecer, sabendo que cada um o terá feito em consciência própria.
Agora, o que quero partilhar convosco passa pela comemoração do dia dos namorados que se aproxima, e assim, deixar aqui expresso que continuo apaixonado . Este sentimento é quanto a mim dos mais sublimes que existem, pena é que o seu significado nos dê a conhecer o seu auge , mais quando perdemos algo ou alguém, ou quando estamos perante situações pessoais mais críticas, lembrando-nos então do quanto são importantes as pessoas e factos, que antes quase não reparavamos estarem mesmo ali ao nosso lado, esse sentimento que renasce é a causa do estarmos bem perante alguém que muito nos diz.
Sinto-me apaixonado pela família, pelos amigos, pela vida, sou mesmo um apaixonado convulsivo. Pois, é verdade, que os amigos também se amam, a vida também se ama, tal como amamos os filhos, ou como amamos a pessoa que escolhemos para partilhar os dias das nossas vidas, paixões essas vividas de igual modo intensamente cada uma direccionada ao relacionamento que existe entre nós.
Há várias teorias em relação à origem de SãoValentim, e na forma como este mártir romano se vem a tornar o patrono dos apaixonados. A mais comum dá-nos a conhecer que SãoValentim terá abdicado da fé cristã que professava, isto por volta do século III DC, outra diz-nos que terá sido um Imperador Romano a proibir os casamentos, de modo a guarnecer a sua frente de batalha com os homens disponíveis. Assim, reza a história, que Valentim, padre então, terá violado tal imposição, e que em segredo testemunhava os casamentos com a sua benção. Este segredo é descoberto e Valentim teria sido preso, torturado e condenado à morte. Ambas as teorias apresentam factos comuns, o que nos leva a acreditar neles. por isso se dá a conhecer que São Valentim foi um sacerdote cristão e um mártir que terá sido morto a 14 de Fevereiro de 269 d.C. Poderá ser a data de 14 de Fevereiro comemorada como a da sua morte, apesar de também se ter dado a conhecer a data como escolha da Igreja Católica para celebrar a ocasião como uma forma de cristianizar certas celebrações pagãs , considerando Fevereiro um tempo de purificação.
Há muitas histórias e tradições ao longo dos tempos em relação a esta data, no entanto julgo viver-se menos hoje o espírito da data. Por mim, continuo apaixonado, claro que há paixões que nem às paredes confesso, a verdade é que também eu tenho a minha paixão secreta ... pois é, chamem-me velho, é verdade meus amigos, é assim a Vida, e já agora com Você ? como vai isso de amores ?
Passa um ano nesta data que me encontrava hospitalizado e que a primeira coisa que ouvi pela manhã foi a mensagem de amor que me foi transmitida e que assim dizia " Feliz Dia dos Namorados, amamos-te muito..."

E Você , já namorou hoje ? não ? porquê ?

Uma boa semana para todos com um forte abraço de Amizade / GW,

domingo, fevereiro 04, 2007

133-Nada nos satisfáz... bolas

Nunca se está satisfeito... esta é a opinião que não só tenho sobre as pessoas, mas também muitas vezes sobre eu próprio. Tanta celeuma se tem levantado sobre as declarações do ministro Manuel Pinho e o que terão provocado e levantado suspeitas quanto ás palavras proferidas, mas que surtem efeito nos que simplesmente têm o fim de criticar. É verdade que o ministro não tem sido feliz em algumas declarações ao longo do seu mandato, mas também é verdade que quando falhamos uma vez , levamos simplesmente por tabela das outras, pois há sempre alguém que aperta o cerco , procurando um deslize para fazer manchete, pouco se importando com o que irá despoletar ou pior ainda, levantando problemas só pelo facto de provocar guerras, ou por outra razão, ser este tipo de notícia a mais vendável e lucrativa. Não se trata muitas das vezes em fazer uma crítica , mas sim a de fazer tombar ingloriamente o outro em pleno campo de batalha.
Quanto a mim, não sendo "expert" na matéria , sei um pouco das linhas com que me cozo, é um facto que se a China quer entrar no mercado europeu, o procurárá fazer através de países onde a mão de obra é mais acessível, logo é lógico que neste caso não haja mal algum em referir que Portugal é um mercado de investimento acessível. Rotularem-nos de terceiros-mundistas ? na verdade sei que não andamos lá muito bem, mas muito sinceramente, não estivemos já pior ? claro que sim... Se avaliarmos a situação em relação a bons períodos que vivemos após o 25 de Abril, reconheço que não estamos assim tão bem, a verdade porém é que já houve dias piores, mas como disse atrás, há sempre quem queira tudo de uma vez , como se fosse possível passarmos imediatamente do mau para o bom.
Não posso deixar de rever toda a situação vivida desde que me conheço, mas, uma coisa eu tenho consciência, se há uns anos os governos , fossem de que tendência política fossem, tivessem optado por medidas de contensão como as que hoje estão a ser colocadas em prática, talvez não estivessemos a reclamar diariamente sobre o momento presente. Porém é fundamental que vejamos e tenhamos consciência do que avaliamos, porque quanto a mim estamos simplesmente a procurar derrotar aqueles que neste momento enveradam pelo caminho mais aconselhável. Todos temos direito a apresentar as nossas críticas e estas podem ser negativas ou positivas perante terceiros, mas bom seria que as fizessemos numa avaliação, correcta, honesta e essencial.
De bocas "foleiras" anda tudo cheio, confesso que pode não ter sido muito oportuno as declarações que foram feitas pelo ministro, mas a verdade é que se queremos que esse possível investimento nos caia nas mãos , o mesmo terá que ser feito tendo em conta que Portugal, dentro dos países europeus é dos que tem a mão de obra mais acessível, e se não tem a rentabilidade desejada e o Pib subsequente não é melhor, é porque nós muito possívelmente não estaremos a dar o nosso melhor , parece-me que há por aí muito boa gente que se inibe de trabalhar ou pior ainda, o melhor que sabem fazer é nada, a não ser fazer uma busca constante de um motivo em concorrer a uns médias de todo sensacionalistas , quando deviam não só dar a conhecer coisas mais urgentes e necessárias , mas acima de tudo contribuir para um bem estar que se impõe em vez de usarem um espírito derrotista lactente.

e pronto , já sou candidato a levar mais um puxão de orelhas, uma boa semana para todos.
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GW