domingo, maio 27, 2007

150-Uma Aventura...

Não sei se partilhe aqui de modo pessoal uma das muitas aventuras que nos são exigidas diariamente, ou se peça à dupla Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães , se dignem a escrever mais um livro para deleite desta juventude e não só, pois de facto o que vou relatar é uma das muitas aventuras do dia-a-dia vividas por esse país fora. De facto há situações que mereciam ser relatadas em mais um livro da colecção "Uma Aventura..."
Há cerca de dois meses dirigi-me a uma Conservatória cá do sítio para solicitar a mudança de sede social de uma empresa. Para tal apareci munido do Certificado de admissibilidade, cujo original apresentava uma validade de 180 dias, portanto aos meus olhos dentro do prazo , uma vez que havia tratado do mesmo 4 meses antes.
Meu espanto porém, não consegui tratar de nada, pois a folha de rosto dizia em roda-pé ser o mesmo certificado válido por 90 dias, logo, estaria fora do prazo. Questionada a funcionária , sobre tal me foi dito que a folha de rosto é que pervalecia e não o original do certificado , pelo que fui "convidado" a pedir um novo, com as consequentes custas.
Após um mês e picos de espera, dirigi-me de novo à Conservatória e aqui começa verdadeiramente a "aventura".
Para quem se encontra em casa, até me havia levantado realativamente cedo nesse dia, assim me dirigi antes das 8 horas , á sede do concelho para tratar do que atrás mencionei, pois era meu desejo aproveitar a manhã para resolver outras coisas pendentes que esta burocracia a que já estamos habituados me exigia.
Carrinho estacionado e aí vou eu até ao edificio:- Óh meu Deus , não é possível, 22 pessoas à porta esperando pelas 9 horas, num aparato pouco usual por estas bandas . Desse total em espera, 16 pessoas dirigiam-se ao mesmo balcão que eu, logo eu, seria o 17º .
Pois bem, sessenta minutos após, e eis portas abertas e senha na mão, há que esperar pela nossa vez. Espaço para tanta gente não havia, até porque entretanto outras pessoas foram chegando, a área útil para espera devia rondar os 12 m2, um recanto de aproximadamente 6x2 ; cadeiras, o mínimo para tanta gente, se não estou em erro seriam umas 8 cadeiras; funcionários no atendimento, eram 4, estando 3 na parte das buscas e certidões, e uma, sómente uma, na parte dos registos e alterações comerciais, urbanas, e automóvel... muita fruta para uma pessoa só.
Esperei para ver a demora para a 1ª pessoa:- 3/4 de hora, bolas se eu era o 17º a que horas iria sair dali ? Ao fim de 3 horas estavam atendidas 8 pessoas, e eu claro, continuava a ser 0 17º da lista ... xiiiiiiiiiiii . que mais me iria acontecer. Indaguei a funcionária e fui informado que só seria atendido para além das 14 horas, e que apesar do Serviço fechar a essa hora, as pessoas que estavm em espera seriam atendidas... Desesperei, claro que desesperei, por raros momentos consegui estar sentado, por raros momentos vim à rua beber um café, por raros momentos (me apeteceu dizer uma asneira) , me chateei.
Na espera, deu para fazer uma avaliação do que me rodeava, do serviço, das instalações, dos utentes, dos acessos... sei lá um sem número de situações que me deixaram preocupado. O barulho causado numa sala de dimensões reduzidas, onde a culpabilidade em tamanha algazarra passou pelo "despejar" de palavras contínuas que já me afligiam os ouvidos, onde algumas pessoas em espera , pareciam estar numa esplanada , tricotando conversas, do quaotidiano e não só, onde eu , sem as conhecer fiquei mesmo sem querer a saber das vidas próprias.
Outra situação que quase me causou pavor, a sala não tem janelas , é fechada, onde o barulho ecoa , aliado ao calor da iluminação causava um suor irritadiço em tão longa espera, até o ar condicionado de quando em vez teimava em fazer um barulho incómodo.
Mas, o que mais preocupou foi a localização das instalações, as quais , quanto a mim, nunca devem ser implantadas estruturalmente desta forma. Num Edificio de 4 andares, encontram-se as secções do registo Civil, Conservatória Predial e Comercial, além do Cartório Notarial (este em fase de mudança). Ora, tanto quanto percebi, o acesso adequado aos deficientes e mesmo aos idosos não existe, não há rampas , não há corrimãos, muitos e muitos degraus a percorrer, pois me foi dito que dia-sim. dia também, o elevador raramente trabalha. Numa situação destas como é possivel permitir-se um acesso facilitado por exº a uma Conservatória localizada num 4º andar ?
De facto foi uma aventura, consegui ser atendido nesse dia e não ficar para o dia seguinte, vá lá, vá lá... e toma lá 550 €uros (400+150 por a acta ter mais de 60 dias) e não digas que vais daqui...
Resta-me saudar a funcionária , que apesar de ser pública, ao contrário do que se diz para aí, trabalhou e muito, e ainda mais, conseguiu estar sempre atenta aos nossos problemas e ser simpática qb...
e pronto, olhem, desculpem qualquer coisinha, tenham uma boa semana/ GW

domingo, maio 20, 2007

149-duas peças, três €uros...

Tinha acabado de dar mais uma volta na cama, apesar de o dia raiar já pelos intervalos do estore, mal fechado de véspera, meio inconformado com o barulho que já se fazia ouvir , tal como acontece todos os Domingos na feira semanal onde , romarias de vendedores e compradores de tudo e mais alguma coisa se reunem naquele largo agora melhoradao, logo ao nascer sol, onde as tendas e as bancas proliferam como cogumelos.
Os ponteiros do relógio , deveriam andar pelas 6h; 30mn , e a custo acabei por dar uma espreitada, cujos reflexos do Sol que despontava acabaram por me despertar; - Afinal de contas , já não adiantava ficar ali deitado, pois não era com aquela barulheira que voltaria a cerrar os olhos.
O início do dia convidava a uma caminhada, coisa a que ultimamente não tenho faltado. É verdade, que bem me tem feito estas saídas, os três da vida airada, eu , a cara-metade e o inseparável cão, o Fredy, que tanta dor de cabeça tem dado pelo nome que tem... É que no prédio em construção ao lado, há um operário que também é Fredy, e sempre que chamamos o cão, ou o repreendemos, é sempre o homem que responde , chegando até a ser quase "chacota" dos companheiros.
No regresso da caminhada, ao passar pela feira, já o cheiro a entremeada e a febra assada paira no ar, ai que bem me sabia , mas há contenções e as mesmas devem ser respeitadas. Uma banhoca de fugida para ficar fresquinho após 90 minutos de caminhada, até que desejo visitar a feira, para adquirir uma árvore, mais propriamente uma figueira que há muito quero ver plantada no quintal. Não sei se a mesma se vai dar, lembro que ainda há quatro anos arranquei as árvores que tinha por terem todas apodrecido na raíz devido a água em exagero no solo.
Cerca de 400 metros separam a minha casa do recinto da feira, agora mais arrumadinho desde que lotearam o espaço, e colocaram ordem na disposição dos artigos expostos. Ali se encontra de tudo, desde fruta, pão, charcutaria, plásticos, roupas, até lenha e outras mercadorias de maior porte, alfaias agrícolas e afins, sem esquecer os mais que muitos marroquinos e chineses, e como não posso esquecer as duas peças , um euros, tão apregoadas, numa tão variada contrafacção, mas sinceramente se não fossem esse produtos, quem poderia adquirir artigos tão dispares, em condições razoáveis a baixo custo ?
Antes de passar pela zona de venda de plantas e árvores, perco-me um pouco pelas infindáveis esplanadas de comes e bebes, onde apesar de estarmos a meio da manhã, já se fáz fila para o frango assado e o entrecosto, onde não há uma mesa vaga, onde é um ver se te avias, com muita espera para comer uma febra no pão e beber um branquinho.
O tempo tem estado agradável, e a passagem para as Praias, fáz com que a paragem na feira seja obrigatória, onde se fáz o abastecimento para o almoço em pic-nic que se avizinha, quanto mais não seja para comprar um melãozito que tão refrescante será na hora do aperto do calor...
Sinto-me bem entre este reboliço, o olhar perde-se na imensidão de coisas expostas, os amigos (re)encontram-se, a conversa é posta em dia, havendo sempre motivo para uma risota , ou mesmo para deambular estes olhos arregalados por uma ou outra situação que perdoem-me as senhoras , nos fazem sentir bem e de bem com a vida.
E pronto, a figueira está comprada, resta-me ir embora que a hora do almoço está próxima, e esperar que ainda tenha eu tempo de saborear os pingo-de-mel , que ela der...

Boa semana a todos,

domingo, maio 13, 2007

148-Passe por cá...

Pensei, e julgo ter feito bem, trazer-vos hoje, algo sobre estes ares do lado de cá, salpicados por uma brisa fresca , cheirando a sal e a maresia, onde se confunde o verde do pinhal do Rei , com o dourado da areia das praias, afinal, também tudo isto fáz parte de mim, afinal em tudo isto eu deixo um pedacito do meu viver.
Não quero alongar-me muito neste passeio virtual, muito menos vou escrever sobre Fátima, aqui tão perto, mas antes cingir-me ao que em meu redor me dá prazer. Se porventura em passagem se encontra na zona litoral/centro mais propriamente nas proximidades de Leiria, aproveite para fazer uma visita ao Mosteiro da Batalha, e se assim for seu desejo , assistir à missa , na grandiosidade da Capela do mesmo , de seguida e porque ainda resta algum tempo pela manhã, passe por Leiria , dê uma espreitada à Sé , não deixe de calcorrear até ao Castelo, admirando do cimo toda a zona envolvente da cidade, até onde a nossa vista alcança. O tempo urge, e aproxima-se a hora do almoço, no entanto e para não ter momentos "mortos", antes de entrar na cidade da Marinha Grande, faça uma visita à "Jasmim", onde pode apreciar o manuseamento do vidro cristal, num fabrico artesanal, onde a azáfama constante dos artesãos se confunde com a admiração de quem os visita, aproveite ainda para "esticar" as pernas nos parques verdes da cidade.
Chegada a hora da paparoca, sugiro uma passagem pela Praia da Vieira, onde quem assim o desejar poderá degustar uma valente mariscada.
Se o dia estiver limpo, por esta hora o sol se encontrará a "pino" queimando já sobre as vossas cabeças, que tal então, dar um passeio refrescante pelas Matas Nacionais, que nos fazem lembrar a vegetação densa do Luso ou Buçaco, ou mesmo Sintra, onde se insere o Pinhal de Leiria ex-libris da região, cujos caminhos se estendem por vários kilómetros, sobre os quais terá que manter o máximo cuidado , não vá perder-se e entrar num circuito sobre o qual dificilmente encontrará a saída.
A tarde convidará, quase de certeza a uma passagem pelo areia das Praias circundantes, da beleza do casario em S.Pedro de Moel, passando por Àgua de Medeiros, Pedra do Ouro (lembrando os resort's algarvios), ou saboreando umas "loirinhas" no Tonico, na Praia das Paredes, decerto lhe vai ficar no goto, e mais tarde ou mais cedo teimará em voltar.
Depois, bem, depois há um sem número de praias semi-virgens, onde a calmia convida a esperguiçar e ficar por ali horas a fio, até o Sol desaparecer no horizonte. No entanto, se está por estes lados, ainda há parte deste recanto que devem visitar obrigatóriamente, Nazaré, onde de novo vai poder apreciar em demonstração, a tão característica Arte-Xávega, modo de pescaria tão familiar destas gentes, as tradicionais 7 saias das mulheres Nazarenas, ao mesmo tempo que passeia pela comprida marginal, ou até mesmo pela beira-mar desde o promontório até ao porto de abrigo. Ah , é verdade, faça uma paragem no Sítio da Nazaré, e confirme com seus próprios olhos, se está lá marcada a pégada do cavalo de D.Fuas Roupinho.
Adiante que o dia vai passando e não se pode deixar para trás uma visita ao Mosteiro de Alcobaça, terra de paixão de Pedro e Inês, continuando depois por S.Martinho do Porto, levando na bagagem como recordação uma certa loiça das Caldas, e acabando por beber uma ginginha dentro das muralhas do Castelo de Óbidos.
Bem, a passeata já vai longa e terá que programar bem este circuito se pretender levar na memória bons momentos, escusado será dizer que existem zonas não descritas, de igual beleza, mas não saíria daqui hoje se de tudo relatasse um pouco, mas mesmo assim lhe deixo um "alerta", dê um saltinho à lagoa de Pataias, um dos "santuários" para as aves migratórias, e sobre a qual os nossos responsáveis deveriam estar mais atentos à sua conservação.Aconselho também, e se é adepto da caminhada , ou da bicicleta, a numa oportunidade fazer o percurso da estrada Atlãntica, com cerca de 40 Kms de extensão, muitos deles "beijando a costa".
Já sabe , talvez um dia nos venhamos a encontrar algures por aí ... Boa viagem e, se conduzir... evite beber.

Boa semana

domingo, maio 06, 2007

147-saber estar, saber falar...

Terça feira, 1º de Maio à tarde e eu em casa, o tempo está cinzento e envergonhado, à falta de melhor instalo-me confortávelmente no sofá, e passeio os dedos pelos botões do comando da tv, na esperança de fazer um entretenimento que me ajude a passar mais um dia.
Os filhos saíram e os "cotas" em casa, o sofá de tão usado , como companheiro de tantas horas, já apresenta uma grande cova, no meio que , custa-me a acreditar seja provocada por este corpo "gôdo" e rebolante.
Ao vaguear pela programação dos vários canais, (dispenso 46, alguém os quer) , deparei-me com um programa que desconhecia , apresentado pela Júlia Pinheiro, onde se debatia o problema da obesidade nas crianças e adolescentes. Só queria que vocês tivessem apreciado , uma miúda de 10 anos, a quem a Júlia se dirigiu para que falasse do problema da obesidade, fazendo ela parte do grupo em que se apresentava o debate.
Espantado, completamente pegado ao ecran , fiquei eu, ao ver a desenvoltura daquela criança de 10 anos, falar de um problema de tal forma e sabedoria, que tomaram muitos profissionais de comunicação , saber estar, saber fazer, saber comunicar. Comunicadora nata, sem "papas na língua" , deixou de boca aberta , quer a apresentadora, quer os médicos e técnicos, profissionais que se debruçam sobre a obesidade infantil, de tal forma que foi ela mesma a conduzir o programa, a ponto de ser só interrompida por cumprimento de tempos.
A certa altura da conversação, fez-me recordar o nosso querido Vasco Santana, numa frase tão marcante, utilizada em certo filme , ao deixar de boca aberta os próprios examinadores, assim também esta criança, acima da maioria de muitos adultos, "premeia" os intervenientes com um termo, para mim desconhecido, mas também , a reparar pela cara de espanto da assistência, desconhecido para muitos, falo do "buling" ou do inglês "bullying" , utilizado para descrever actos de violência quer física , quer psicológica, praticados sobre uma pessoa, como forma de intimidar ou agredir aquele que por assim dizer "é presa fácil" , cuja personalidade o torna incapáz de se defender, e que na maioria dos casos é notória no comportamento nomedamente dos companhieros de escola, onde se fáz mais sentir este tipo de agressão.
Pois é meus amigos, fiquei de boca aberta, tal a apresentação dada por esta criança, perante os técnicos que a acompanhavam, perante a apresentadora, perante a uma assistência que a ouvia atentamente.
Ai, se todos os apresentadores de programas , conseguissem transmitir segurança e saber, ao nível desta criança, ai , como os programas teriam mais efeito na passagem de uma informação que deveria ser acima de tudo esclarecedora, conclusiva, gratificante, e afável ao ouvido...
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Ah , é verdade, não posso deixar passar esta data , sem deixar aqui, um beijinho às Mães, e que consigam manter sempre a melhor ligação mãe/filho, e assim viver em plenitude o papel de mãe, amiga, confidente. Em homenagem a todas as Mães, eu envio a ti , minha Mãe um beijo grande com saudade, pois eu sei que me acompanharás sempre, aí onde estás...