sábado, julho 29, 2006

101-Sinto-me de luto...


Mais um dia como tantos outros, passo os olhos pelas notícias do dia, e como sempre me entristece, olhar à minha volta e reparar que tudo é violência. guerras, conflitos de toda a ordem, agressões... em suma, falta de amor pelo próximo. Mas entre todas as notícias há uma que cada vez me deixa mais triste, leio em letras garrafais, como que a chamar mais a atenção, em cabeçalho de 1ª página :-´"Avó suspeita de queimar Bebé. menina de três anos internada no Hospital de Guimarães com queimaduras de ferro e cigarro..."

Olhem pelas nossas crianças...
Torna-se um hábito no dia-a-dia, chegar até nós o conhecimento de barbaridades, infligidas às nossas crianças, como se o respeito pelo nosso semelhante, e neste caso indefeso, não fosse uma responsabilidade de cada um de nós. A todo o momento nos é dado a conhecer, casos como o da Vanessa, a Fátima, o Daniel sobre as quais , pessoas sem excrupulos, sem sentimento, sem amor, descarregam ódios, mau viver, numa ira descontrolável.
Custa a cada um de nós, nós que somos sensíveis, saber que tantas situações poderiam ser evitadas se colocássemos mais os nossos olhos, os nossos ouvidos, a nossa boca, conhecedores de actos de pura selvageria, denunciando quem os pratica , mas acima de tudo denunciando de inicio quando o aprecimento de mais tratos começa a ser visível, de modo a que possamos chegar a tempo e impedir a morte, como tantas vezes acontece.
Há que olhar pelas nossas crianças e dizer basta à violência. Mas, não somos só nós como pessoas, também nas instituições de apoio, dar o encaminhamento necessário, despoletar situações que vão ao encontro de responsáveis, de modo a evitar no futuro repetidos maus tratos. Tanta e tanta, sabemos nós, ser feita denúncia, haver averiguações, e deixar retornar essas mesmas crianças às mãos de quem já tanto mal lhe fez. Quantas e quantas vezes agimos num acto de quase negligência e apesar de estarmos perante provas de agressão, se devolve àqueles que tão mal fezem , quase como se prfocurasse a confirmação de uma prova de maus tratos, só que à segunda vez muito mais trágica do que a primeira e sem salvação, ficando nós depois a lamentar a morte...
É tempo de denunciar, é tempo de aplicar o nosso Amor, pois denunciando tais práticas , estamos a demonstrar o nosso Amor... dando a conhecer os responsáveis de tais actos, colaborando na procura da verdade e da punição. Não ficarmos de braços cruzados, simplesmente aceitando o facto consumado, como se nada pudessemos fazer.
Sinto-me de luto por tudo o que muitas das nossas crianças passam . Deixo o alerta e alguns contactos, que muito gostaria não fosse necessário utilizarmos, mas se assim tiver que ser, que sejamos capazes de chegar a tempo...
Assim, se tem conhecimento de que uma criança foi ou está a ser maltratada, não hesite contactar os serviços de apoio e denunciar estas situações.

Linha de Emergência da Criança Maltratadadas 10h00 às 20h00,de 2ª a 6ª feira
Lisboa, Santarém e Setúbal: 213 433 333

Algarve: 289 801 000
Alentejo: 266 744 188
Coimbra: 239 702 233
Porto: 223 321 010

Os maus tratos a crianças são considerados um crime público e, como tal, a denúncia pode também ser directamente apresentada no Tribunal de Menores.
Olhem pelas nossas crianças e... bom fim de semana
____
GW

domingo, julho 23, 2006

100-Ensaio ( II )

Tanto faz
Eu, o Miguel, a Claudia e a Patrícia, e mais alguns amigos, logo que chegou a Primavera e as temperaturas mais amenas, convidativas à prática do campismo, partimos de mochilas às costas, claro, como não podia deixar de ser levamos também as nossas bicicletas.
O comboio que rumava ao Algarve, deslizava na sua marcha monótona e enfadonha.
-Ufa! Estou farto de ir aqui dentro, Neste andar nunca mais chegamos a Faro, resmungou Miguel, já por si impaciente.
-Tem calma, rapaz. Quanto mais ansioso estiveres, mais longa e demorada te parece a viagem -, avisei-o eu.
Quilometro , após quilómetro, chegámos finalmente a Faro. Cavalgámos nas nossas bicicletas em direcção ao parque de campismo. Rapidamente montamos as tendas.
-Passeio de bicicleta...
Depois de termos descansado um pouco, propus que déssemos uma volta de reconhecimento pela zona. O entardecer avizinhava-se e Cláudia e Patrícia preparavam o jantar.
No dia seguinte, acordámos bem dispostos, mas logo a seguir ao pequeno almoço, Miguel queixou-se dumas bruscas dores de cabeça.
-Se vieres que é melhor repousar, hoje não saímos -, sugeri.
-Não são muito fortes, dá para aguentar, sossegou-nos Miguel.
Patrícia é que não se tranquilizou com aquelas palavras e desabafou:
-Cá para mim, a tua saúde não anda muito boa. Ultimamente essas dores de cabeça têm-se tornado bastante frequentes.
-Já te expliquei que é do cansaço -, justificou-se Miguel. Vais ver que no final destas curtas férias as dores passarão.
-Já consultaste algum médico ? -, indaguei.
-Não, respondeu ele
-Mas deves fazê-lo. Mais vale prevenir que remediar -, aconselhei-o eu.
E, nessa radiosa manhã, tal como fora combinado, fomos à descoberta. As nossas bicicletas seguiam numa fila, que era fechada por mim. A dado passo da nossa passeata, apercebi-me que Miguel ia com uma pedalada incerta. Abeirei-me dele e perguntei:
-Não te sentes bem ?
-Não. Estou muito fatigado, respondeu.
Não tive tempo de lhe ordenar que parasse. Nesse instante, Miguel inclinou-se excessivamente e a bicicleta resvalou para a valeta. Como a queda foi um pouco aparatosa, achamos prudente chamar a ambulância para o conduzir à urgência do hospital.
Enquanto Cláudia e Patrícia regressavam ao parque, eu acompanhei Miguel.
-Ainda te sentes cansado ? -, inquiri.
-Sim -, respondeu na sua voz fraca
Eu estava preocupado. Éramos colegas de turma e o ano lectivo não estava a ser muito puxado. A maioria das disciplinas era agradável e as matérias eram acessíveis. Não podíamos, poi, encontrar aqui as razões para a fadiga do Miguel.
E realmente havia motivos para me preocupar. Após uma longa espera por alguma informação concreta, o médico de serviço comunicou-me:
-Estivemos a observar o seu amigo.
-E então ? – era grande a minha expectativa.
-Terá de ficar internado, respondeu o médico.
-Tive nesse momento um sobressalto.
-É grave ?
-Não sabemos ao certo qual o seu estado de saúde. Vamos fazer-lhe as análises necessárias e alguns outros exames.
Nas tendas pairava um ar pesado, fruto da tremenda tristeza que nos ia na alma. Só quando Miguel voltasse para o nosso convívio, teríamos sossego.
Efectivamente, oito dias depois, Miguel teve alta, mas vinha triste, pesaroso. Trazia um semblante carregado e sombrio. Notávamos perfeitamente que se esforçava por nos ocultar a imensa amargura que o dominava.
- Se sois meus amigos, não me façais perguntas -, disse.
-Mas estamos inquietos com a tua melancolia. Assusta-nos essa tua apatia. É como se te estivesses a afastar de tudo e de nós também.
Miguel, levantou-se e, num silêncio que nos sufocava, retirou-se para a tenda, de onde saiu volvidos alguns minutos.
-Se não se importam, eu vou dar uma volta a pé, sozinho.
E Miguel afastou-se.
-Não estou a gostar nada disto -, lamentou-se Patrícia. Miguel nunca havia apreciado andar só.
De facto aquelas atitudes também me intrigavam. O que é que Miguel escondia por detrás daquele mistério?.
Não tardou muito que Patrícia surgisse, com os olhos rasos de água. Entregou-me um papel, escrito pelo amigo e, de imediato desatou a chorar compulsivamente.
-Queridos Amigos, esta foi a melhor forma que encontrei para Vos explicar a profunda angústia que se abateu sobre mim. Assim , não serei forçado a assistir à Vossa compaixão, nem Vós tereis de arranjar desculpas atrás de desculpas, para fugirem de mim. Durante o meu recente internamento, fizeram diversas análises e contra-análises, e a verdade nua e crua é que… sou portador do vírus da Sida. Agora, Adeus, por favor não me procureis.
Mal terminei de ler aquelas palavras, ordenei:
-Peguemos nas nossas bicicletas e vamos em busca de Miguel. Não deve ter ido para muito longe.
Rapidamente distribuímos os percursos que cada um seguiria,
Não foi muito difícil para Patrícia descobrir o paradeiro de Miguel. Avistou-o, solitário, de braços e ombros descaídos, sentado num pequeno muro, com o olhar fitado no mar infinito.
Patrícia acercou-se dele, passou-lhe afectuosamente a mão no ombro e beijou-lhe carinhosamente os longos cabelos negros. Por fim sussurrou:
-Vem comigo.
Miguel nem se mexeu, Ela continuou:
-Preciso de Ti.
Miguel volveu então o olhar para Patrícia e desabafou:
-Para que queres um Amigo que vai morrer?
-Um dia todos morreremos -, ela retorquiu.
-Porém, a doença condenou-me à morte prematuramente, disse Miguel.
-Mesmo que morresses já amanhã, tinhas o direito de continuar a ser amado enquanto vivesses.
-E tu ? -, disse Miguel -, Já pensaste em ti ? Não quero que os meus amigos venham a sofrer mais. Não será justo que se sacrifiquem assim por mim.
-Contrapôs Patrícia -, O meu e o nosso sofrimento será bem maior se teimares em recusar o apoio dos teus amigos. -, Injusto é que queiras impedir-nos de estarmos contigo.
…/…
Miguel, não tinha mais forças para lutar e aceitar os apelos daqueles amigos que tanto o amavam que lhe queriam tanto, mas, também sentia que não podia renunciar àquela imensa partilha de carinho e apoio que lhe estava a ser oferecido, gratuitamente…
…/…
É assim, um tempo de lazer e de passeios de bicicleta , marcados no tempo, onde cada sentimento pelo próximo se mantém vivo em cada um de nós, numa saudade imensa, em tua memória Miguel, meu Amigo…

quarta-feira, julho 12, 2006

98 - Não há pachorra...

Não há pachorra para aturar situações como a que vou descrever, ainda mais quando se trata de uma entidade a qual deveria pautar-se pelo respeito por aqueles que ao longo dos tempos lhe tem dado a possibilidade de obter as melhores audiências, respeito esse que está gradualmente a perder-se, com o "impingir" de doses não duplicadas, mas sim triplicadas e até mais, numa falta de respeito contínuo pelo espectador, onde impera uma grande dose de falta de civísmo por quem responsável...

Abuso desmedido...
Já em tempos mostrei aqui o meu descontentamento por uma estação de TV, sei que as lamentações neste painel, não surtirão efeito, e mesmo que estas palavras chegassem a alguém de direito sobre o assunto, possívelmente não teria seguimento como já aconteceu outras vezes. Faço assim, deste espaço, o livro de reclamação a que não tive direito quando partilhei anteriormente este descontentamento que me invade , motivado por esse abuso consecutivo sobre quem os olhos coloca sobre o ecran de televisão , neste caso na TVI.
Nota-se uma ocupação de tempos exagerada com telenovelas e afins, ainda mais agora desde que se entrou no període de verão, parecendo não terem os responsáveis outros programas mais lúdicos, baseados em documentários, ou até um ou outro filme para intercalar nas horas seguidas de telenovelas.
Vejamos, das 21,30h até às 24 horas passam 4 diferentes, isto atendendo a que nesse espaço de tempo 45 minutos são ocupados com publicidade, ficam cerca de 1h e 1/2 para os episódios das várias novelas (cerca de 20 minutos de Morangos, 25 minutos de Tempo de Viver, 35 minutos de Dei-te quase tudo (em fase final) e 20 minutos de Fala-me de Amor, (bem, isto incluindo minutos de repetição). Mas há mais... Porque teima a TVI passar repetidos, presentemente 3 vezes, a série dos Morangos, chegando a que na transmissão das 18,30 ocupe cerca de mais 70 minutos com repetição e só cerca de 15 de parte de novo episódio que por sua vez irá ser repetido novamente ?
Não há pachorra mesmo, é triste que estejamos forçados a ver diariamente estas "cenas", sei que somos nós que lhes damos a audiência, é um facto, mas das duas, uma, ou não são reais as audiências ou anda tudo alheio ao que se passa em tal canal.
Para quando, decidirem passarem no horário nobre, um filme em hora "decente", uma reportagem, um documentário ?
Ou sou eu que sou "burro" ou alguém me está a querr passar como tal.
Estas medições audiométricas , devem andar forçadas, ou seremos nós que andamos com os olhos meio nublados talvez...
Mas há mais, parece que este sistema é contagiante , pois um Canal concorrente também já nos "oferece" doses triplas diárias de floribellas e outros tais...
Valha-me Stª Engrácia, ou estou a ficar senil, ou a PDI me ataca... mas que ainda tenho noção para decifrar o que está bem ou mal, disso não duvidem.

Um Abraço com Amizade

GW

quinta-feira, julho 06, 2006

97 - de mim ... para Ti

Os anos passam , mas algo cá dentro me impele os sentimentos a deixarem aqui e ali, algo de mim, algo de mim para Ti, sentimentos abarcados por momentos vividos , onde paira o amor, a amizade, a ternura, o apoio mútuo... por tudo isso que é tanto, farás sempre parte de mim...

Estremecimento
Passam-se os dias e temo que a verdade seja superior a mim, à minha capacidade de resistir-lhe.
Percebo a forma como chegas: um vagar lento quase inofensivo. Mas algo perturba o teu olhar quando me vês e essa perturbação sobressalta-me! Depois abres um sorriso que te ilumina o rosto. Quando olho em frente, o horizonte começa e acaba na tua boca nua, com o sorriso fixo, agrilhoado ao desenho dos lábios. Ergues a mão direita e pousas sobre a minha nuca inteira num gesto que poderia terminar num beijo ou numa violência abrupta.
E é esse gesto inacabado, um gesto sem propósito algum que não o toque cru na minha nuca que transforma o sobressalto em estremecimento. Então a proximidade torna-se insustentável. Ensaio uma fuga com os olhos e movo ligeiramente os ombros mas a tua mão decide que o fim do teu gesto é afinal impedir a minha fuga. Olhas-me como se fosse um fruto rutilante e doce. Com a tua mão esquerda afastas um fio de cabelo do meu rosto e beijas-me na testa - um beijo manso, quase fraternal, um beijo diabolicamente angelical e mentes quando sussurras sou teu amigo. Não sei como chegamos aqui, a este lugar onde o corpo arde e os sentimentos mudam de nome debaixo da língua. Amadureces na minha boca. Porque eu te Adoro e Tu sabes até onde podes ir comigo...

GMDT