sexta-feira, abril 25, 2008

196-Abril, conquista, quase esquecida...

Passam 34 anos sobre esta data , para mim , marcante , como para a maioria dos Portugueses. Recordo que então, apesar dos meus 19 anos recentes, me encontrava no serviço militar, levado por uma ânsia em o finalizar o mais breve possível, me impeliu ao voluntariado. Apesar de ser o filho mais novo entre muitos irmãos, depressa me vi a viver só com a minha mãe, procurando a pulso lutar por um lugar digno quer académico, quer profissional, é verdade que o facto de ter perdido um irmão na guerra do ex Ultramar, também teve peso na minha decisão pois à partida não iria para as ex Colónias.
Nota-se que a nossa hostória morre aos poucos e quase nada se diz hoje sobre tal facto, a transmissão de ensinamentos sobre a data, no ensino, é quase nula. Pergunta-se o significado a um adolescente e a resposta quase imediata "é um feriado"...
A situação actual, quase não fáz lembrar , que existiu um a 25 de Abril de 1974 um Movimento das Forças Armadas, o qual deitou por terra o governo de então, fascista. Era à data estudante-trabalhador e cumpria já o serviço militar , recordo plenamente esse dia, apesar de na unidade onde me encontrava estarmos apenas de prevenção, vivi com imensa emoção o acontecido, em que um golpe militar desencadeia um espontâneo e justificado levantamento popular , centrado inicialmente para a Capital, mas rapidamente extensivo a todo o País. O levantamento das Forças Armadas, alicerçadas nas massas populares e dos trabalhadores, acabarão por exigir que haja um empenhamento social e político mais alargado, o que acabaria por dar um ímpeto revolucionário ao Movimento das forças Armadas, conhecida como a Revolução dos Cravos. Foi esta a forma , apesar de pessoalmente aceitar, ideais diferentes , numa Liberdade de expressão que nos foi concedida . A Revolução de Abril foi um acto conseguido que acabou por trazer ao nosso povo, às suas classes mais desfavorecidas , mudanças de uma Vida cujo anseio é para melhor. Desde o fim da guerra colonial , e as condições favoráveis à independência , dos que são hoje os Países, Moçambique, São Tomé,, Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau . Sendo este último pioneiro pois já tinha proclamado a sua independência numa parte do seu território.
Hoje há descontentamentos lactentes pela situação actual, desemprego, estagnação e/ou perca do poder de compra, sobre-endividamento, tantas e tantas coisas para as quais todos temos contribuído. É verdade que o poder de decisão e actuação não se encontra nas mãos dos mais desfavorecidos, no entanto não nos devemos esquecer que o principal conceito nos foi garantido com o 25 de Abril, "A Liberdade".
Concerteza se todos aplicarmos esse conceito da melhor forma possível, tendo em mente que a Liberdade não é só um nosso direito, mas sim de todos , e que toda a partilha de ideais, sucessos e fracassos, deve ter em conta sempre a existência de mais pessoas além de nós, aí sim, decerto muitas outras situações passarão a ser bem melhores para todos nós, mas para isso, teremos que dar também o braço a torcer.
Grande parte das situações são-nos adversas, mas uma mesa só será deslocada sem esforço se mabos pegarmos nela e caminharmos no mesmo sentido e não cada um puxar para seu lado.
Não posso eu dizer que uma cor é Azul e Você dizer que é Amarela, mas em sintonia encontrar um ponto de equilibrio e quiçá, misturar as duas cores na percentagem correcta e obter com as duas um Verde ... Verde esse de Esperança que agradará a ambos, e para cujo resultado final todos partilhamos...

Com um forte Abraço, / GW

domingo, abril 20, 2008

195-todo o cuidado é pouco...

Acidentes verificados numa situação em que se efectua uma marcha à rectaguarda, (marcha-atrás) estão cada vez mais presente nas nossas notícias. Recordo ouvir relatos de acidentes com veículos industrias, quando em trabalho, e em que alguns se terão dado em condições adversas, muita vez até devido ao desenrolar da situação e ao desempenhar de funções aceleradas, no intuito de se tirar o máximo da rentabilidade, acabando e/ou deitando tudo a perder ,em tanto caso acabando na morte de alguém, só porque não se tomam as devidas precauções.
Mas, hoje em dia , são os acidentes ditos "caseiros" , envolvendo quase sempre familiares, sabe-se lá com a responsabilidade de quem, mas de consequências tão pesadas que as lágrimas serão incapazes de apagar da memória de quem as vive.
Li algures , num semanário que a "marcha-atrás" , mata cada vez mais, sendo os números tão alarmantes, que nos dão que pensar. Segundo a fonte, a Polícia terá registado no último ano quase 400 atropelamentos verificados na situação de "marcha-atrás", sobre os quais recaiem cinco vítimas mortais, no entanto a estatísticas dão conta de atropelamentos verificados sómente na via pública, estando nestes valores excluídos os casos de atropelamentos, nas zonas ditas "domésticas" sobretudo dentro das próprias áreas residenciais.
A atenção, deve ser redobrada quando estamos perante crianças ainda de tenra idade, onde a noção do perigo não está ainda "residente" , em que tanta vez a novidade do local, aliada às brincadeiras mais apetecíveis as levam a esconder-se tanta vez entre os carros.
Não passa pela minha cabeça a imensidão da dor de quem por infortúnio se encontra envolvido na situação.
Recentemente, um avõ, atropelou a própria neta que na sua inocência brincava por trás da carrinha, dentro da área de residência, provocando-lhe a morte imediata.
Um acidente deste tipo não entra nas estatísticas, ficam por isso fora das mesmas, porque não são considerados desastres rodoviários.
Mas não se julgue que a existência deste tipo de acidentes tem como vítimas sómente crianças, também acontecem com adultos, e lembro-me que ainda não passou muito tempo, uma mulher terá sido atropelada pelo marido quando este efectuava a "marcha-atrás", Se na situação de crianças, muitas ainda bébés, não existe a percepção do perigo, o que aliado à sua pequenez, torna difícil a que numa amplitude de visão de quem conduz, não dislumbre o corpo, numa situação de adultos , já há aqui, uma falta de concentração mais ou menos evidente, quer da parte de quem se coloca na traseira de um veículo, tanta vez distraído por uma qualquer situação, assim como haverá por parte de quem conduz, uma desatenção pelo meio que o envolve...
Façam-me o favor de serem felizes / GW

segunda-feira, abril 14, 2008

194-barbaridades...

Quando em setembro de 2005, iniciei este blog, trouxe até vós o facto de a lagoa, esse imenso espelho de água onde o azul do céu é reflectido, ter sentido nesse ano o problema de uma seca que deixou a nossa lagoa em piso de terra tão seca que dizia eu na altura dava para ser atravessada a pé.
Volvidos quase três anos, a lagoa está praticamente no seu nível máximo, o repovoamento das espécies mais características foi feito, e melhor que nunca, as aves voltaram nomeadamente as espécies "perna-longa", o "pato-real" e a "galinha-de-água" entre muitos outros, que tentam procriar ali, ou simplesmente procuram abrigo na sua passagem pelo atlântico.
Mas admirável mesmo era ver um casal de gansos imponentes naquela brancura de penas bem cuidadas aliadas á côr laranja dos seus bicos.
Há semanas atrás também nós como visitantes assíduos da lagoa, quer nas nossas caminhadas, quer simplesmente para observar os bandos de aves, levamos até lá uma das nossas patas , a "branquinha" (sim, a branquinha porque lá em casa tudo o que mexe tem nome eheh ).
Ontem porém, numa das saídas ao mercado semanal cá da vila, em conversa com uns amigos, ficamos a saber que alguém anda a roubar ou pior ainda, a matar, as aves e que ultimamente o seu número tem reduzido quer por essa barbaridade, quer pelo medo que as próprias sentem à aproximação das pessoas.
Após o almoço, fomos até lá, e de facto foi com mágoa que verificamos o que nos haviam dito, a fêmea ganso tinha desaparecido, o seu ninho estava despojado dos ovos, e no chão em seu redor viam-se amontoados de penas brancas...
Ali esperamos uns bons minutos, como sempre fazemos, espalhamos um pouco de comida própria, e logo tivemos junto a nós alguns dos patos que numa algazarra penicavam a areia no intuito de chegar aos grão de cereais, alguns , mais tímidos , ficaram-se pela borda de água.
Não admira, numa localidade onde "quase tudo" que se procura fazer de bem, não é sequer estimado pelos residentes, onde uma zona de reserva e com proibição à passagem a veículos motorizados é constantemente invadida, prejudicando o habitat das dezenas de espécies , onde nem sequer a pesca é permitida e á "sucapa" se sabe que há quem ali o faça...
Meus amigos, cá como em toda a parte as coisas acontecem e sempre pela mão do homem, numa zona a preservar, sendo ela o ex-libris da freguesia, é imensamente triste que aconteçam cenas deste tipo, mas enfim nem todos somos iguais, direi mesmo , ao contrário de um célebre slogan... somos mesmo muito diferentes nas atitudes.

Uma boa semana para todos e até um destes dias/GW

sexta-feira, abril 04, 2008

193-entre o verde e o azul...

Que raio de cena esta, toda a semana mal dormida, de facto há algo que me tem apoquentado estes dias (ou melhor, noites) , não sei se pelo calor repentino que tem estado, a verdade é que tem sido bem dificil "pregar" olho, ainda por cima e para mal dos meus pecados o "Pintas" (cão cá de casa) tem passado as noites num uivar constante, incomodativo, ao ponto de me fazer por os pés fora da cama de quando em vez afim de lhe dar um raspanete...
Mas vamos ao que interessa , tenho estes dias, percorrido os caminhos das matas de S.Pedro de Moel, pois é um trajecto que me dá prazer, pela sua calmia, pela sua frescura, pelo seu verde convidativo a uma passeata, quer de carro , quer mesmo de bicicleta ou a pé... Falando um pouco da zona: -
Zona toda ela inserida numa intensa união direi mesmo de grande intimidade, partilhada pela proximidade do pinhal e da praia. Zona de um cariz tão marcante ao longo dos tempos, já passado para a escrita do poeta Afonso Lopes Vieira, pela passagem nas palavras:
- “Pinhal de heróicas árvores tão belas
foi do teu corpo e da tua alma também
que nasceram as nossas caravelas
ansiosas de todo o Além
foste tu que lhe deste a tua carne em flor
e sobre os mares andaste navegando
rodeando a Terra e olhando novos astros
oh gótico Pinhal navegador
em naus erguidas levando
tua alma em flor na ponta dos mastros!...

Fazer este maravilhoso percurso a desembocar na foz da Ribeira de S.Pedro, ali mesmo na zona da Praia Velha, subindo a estrala atlãntica em direção ao Penedo da Saudade e ao farol, perder as vistas naquele mar imenso, reparar naquele casario tão característico, uma passeata ao acaso pelas ruas o observando os exemplares de construção tão belos. Há no entanto uma que se destaca quer pela localização , quer pelo simbolismo que encerra. Refiro a que pertenceu a Afonso Lopes Vieira , onde na “Casa-Nau”, como lhe chamava, conceberia grande parte da sua obra. No Presente e porque assim foi destinada em testamento, Colónia balnear para crianças.
Em simultâneo e desde 2005 , é também Casa-Museu dedicada ao Poeta.
A altivez do farol que todos conhecem, estratégicamente edificado no topo de um penhasco que cai a pique para o mar.
Canas de pesca ao alto, na zona do farol, sítio do agrado de pescadores e dos amantes das vistas largas, é mesmo aí o conhecido Penedo da Saudade há tanto fazendo a transição entre a lenda e a realidade.
Passe por cá, mais adiante dê um saltinho às praias de Pedra do Ouro, Polvoeira e Paredes da Vitória, e como decerto não terá tempo para muito mais, propomos que mais tarde com mais calma, retome em lazer esta passagem pela Estrada Atlântica, onde uma CicloVia paralela permite um passeio calmo de mais de 30 Kms pela beira-mar...
Fiquem bem e aquele abraço / GW