domingo, abril 29, 2007

146-memórias esquecidas

Olho para trás no tempo e uma neblina se coloca entre o que sinto e vejo, quando procuro saber junto de outras pessoas as marcas e recordações deixadas por datas que então nos marcaram tão profundamente e que hoje me parece estarem um pouco esquecidas na memória de muitos, face ao seu significado de tão grande importância para quem as viveu, mas é tal esse nevoeiro que se interpõe entre nós e essas datas , que nos faz "esquecer" o quão importante foram para nós esses dias...
Quantas hores de sono mal dormido, em prol de uma luta por melhores condições de vida, quantos gritos de revolta, quanta ansiedade em nosso peito, quantas amarras sofridas, quantos sentimentos amordaçados, quanta liberdade não vivida e aprisionada em nós.
Foi assim que todos vivemos , foi com esta força que fizemos a revolução de Abril, foi com o libertar dos sentimentos oprimidos que comemoramos tantos dias 1º de maio. A vóz ouviu-se de novo, a alegria regressou ás nossas vidas, a luta continuou tal animados estávamos por uma ãnsia de alcançar e por em prática a tão desejada liberdade.
Hoje noto com alguma mágoa que o significado destas acções quase nada dizem naqueles que nasceram pós revolução de Abril, mas , ainda pior, sou acometido de uma notória ingratidão por parte de algumas pessoas, que sentiram na pele a opressão de então, e que hoje quase não lembram os episódios de sofrimento, de angústia, de mal-estar provocados por outro regime, em suma, que quase não recordam a implantação da Liberadde.
Mais um 25 de Abril passou e nas entrevistas de rua, percebeu-se o quanto alheados estão do significado de tal feito , mais um dia 1 de Maio está á porta e de novo iremos sentir a indiferença e o desconhecimento quanto à razão de tal comemoração, no fundo, o que interessa gozar é mais um feriado, que se for a razão de uma possível ponte, ainda melhor... esses são são os significados que muitos conhecem destas datas tão marcantes, o aproveitamento de um dia feriado, em que o descanso se torna mais importante do que o saber o porquê ou a razão de tal acontecer.
É assim, o tempo passa, torna-se mais fácil reconhecer feitos externos, saber quem é o autor do livro tal, quem foi nomedao para os óscares no ano não sei quantos, qual o artista que mais discos vendeu no ano "x" ... pode até saber-se , quem foi Vasco da Gama, ou quem descobriu o Brasil (o que eu já duvido), ou mesmo quem foi Pelé, ou quando aconteceu o terramoto da cidade de Lisboa (se calhar estou a ser muito positivo)... no entanto, procurar saber, o que aconteceu no Carmo, ou "aprender" os momentos que antecederam e que levaram ao 25 de Abril, e o que levou à Revolução dos Cravos, saber o significado das manifestações do 1º de Maio, enfim... há coisas que deveríamos olhar com outros olhos e que tão ingénuamente queremos obrigar , a que passem despercebidas...

Um abraço a todos e uma boa semana/GW

sexta-feira, abril 20, 2007

145-depressão pós-parto

Com o devido respeito pelas mulheres, porque há momentos que só elas sentem enquanto mulheres e mães, socorri-me das que me rodeiam para trazer a público algo que nunca antes aprofundei deste modo.
Sinto-me triste, e eu que andava tão bem ultimamente, hoje sinto-me particularmente triste. Várias vezes ouvi falar em depressão pós-parto e as possíveis situações emergentes desse momento, mas nunca tão profundamente me havia sido dado a conhecer de forma tão trágica, mas a verdade, é que pelo pior motivo ouvi de novo falar sobre tal assunto.
A filha de um casal muito nosso amigo e residente aqui pertinho de nós, colocou termo à vida na sequência de uma depressão pós-parto. À beira dos 40, licenciada, com um mestrado, empresária de sucesso, três filhos, o mais novo com 4 meses, não conseguiu ultrapassar uma série de reacções que a levaram a tão tresloucado acto.
Já me haviam dado a conhecer que com o parto, e após este surgem reações as quais causam profundas ansiedades no (num) ambiente familiar e social de forma quase imediata. Procurei numa conversa em casa, inteirar-me um pouco mais sobre o assunto, falarmos sobre tal e procuramos debater o porquê de existir assim um desenvolvimento aliado a um trauma que a recente mãe vive a partir do momento do parto associado a uma perda repentina de percepções conhecidas, como são os sons internos das mães, o calor do aconchego, enfim, o sentido total de protecção, e a sequência para um surgir de percepções novas e assustadoras.
É nestas situações e, passoa a citar ""no inconsciente, o parto vivido como uma grande perda para a mãe, muito mais do que o nascimento de um filho. Ao longo dos meses de gestação ele foi sentido como apenas seu, como parte integrante de si mesma e, bruscamente, torna-se um ser diferenciado dela, com vida própria e que deve ser compartilhado com os demais, apesar de todo ciúme que desperta. Sendo assim, a mulher emerge da situação de parto num estado de total confusão, como se tivessem lhe arrancado algo muito valioso ou como se tivesse perdido partes importantes de si mesma. ""
Torna-se assim o acto de nascer , também ele, uma separação corporal definitiva. Este é o significado mais doloroso do parto e que se não for bem elaborado e acompanhado, pode trazer uma depressão muito mais intensa .
Pelo que li, os sintomas do estado depressivo variam quanto à maneira e intensidade com que se manifestam, pois dependem do tipo de personalidade da parturiente , assim como a sua própria história de vida, associadas também a mudanças fisiológicas. Momentos de intensa ansiedade de carência materna, as quais podem ser caracterizadas por uma forte dependência infantil em relação à própria mãe ou ao marido , assim como as de autodepreciação, quando se sente incapaz de assumir as responsabilidades maternas, e até mesmo inútil, quando não consegue captar a compreensão do significado do choro do bebê para poder satisfazê-lo. Situações que dessa maneira, podem fazer a parturiente apresentar-se cheia de uma energia despropositada, eufórica, falante, preocupada com seu aspecto físico e com a ordem e arrumação do ambiente em que se encontra, manifestando até alguns transtornos do sono.
Existe um imenso rol de estados de "alma" que devem ser bem acompanhados por quem se encontrar por perto. Assim, e como refere uma médica que tem estudado estas situações "se a família e os amigos colaborarem de modo satisfatório, proporcionando confiança e segurança à recente mãe, principalmente no tocante às atividades maternas, sem críticas e hostilidades, mas com compreensão e carinho, acolhendo-a nos momentos de maior fragilidade emocional, a depressão pós-parto vai diminuindo de intensidade até se transformar em carinho pelo bebê e respeito pelo ritmo de seu desenvolvimento e progresso."
Cada vez mais deve acontecer um acompanhamento , com o propósito de fornecer não apenas informações na forma de agir, mas, principalmente, permitir que a parturiente possa expressar livremente seus temores e ansiedades, a fim de ter assistência e orientação psicológica para enfrentar as diversas situações de adaptação de uma forma mais realista e confiante, tendo como base um trabalho preventivo, através de acompanhamento médico pré-natal e/ou de suporte no caso de estarmos perante uma depressão pós-parto já instalada.
p.s. algumas passagens retiradas da apresentação "in net" feita pela Drª Ana Maria Moratelli da Silva Rico - Psicóloga Clínica.
Boa semana para todos / GW

segunda-feira, abril 16, 2007

144-palavras não medidas...

Hoje, deixo-Vos parte de uma história há muito conhecida e que de vez em quando é bom relembrar, pelo que ela nos transmite e do significado que podem ter as palavras tantas vezes saídas da boca para fora sem pensar...
Um senhor, há muito tempo, tanta vez falou que seu vizinho era ladrão que o rapaz acabou por ser preso! Passados alguns dias, descobriram que era inocente. O rapaz foi solto e processou o homem, que tanta vez o havia difamado.
No tribunal, o velho diz ao juiz: - Comentários não causam tanto mal, senhor juiz...
E o juiz responde: - Escreva os comentários que o senhor fez num papel, depois pique-o e jogue os pedaços no caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir a sentença.
O senhor obedeceu e voltou no dia seguinte. Antes da sentença, o juiz diz:
- O senhor terá de encontrar todos os pedaços de papel que espalhou ontem.
O velho responde:
- Não posso fazer isso. O vento deve tê-los espalhado, já não sei onde estão.
O juiz então diz:
- Assim, desta mesma maneira, um simples comentário pode destruir a honra de um homem, a ponto de não podermos mais consertar o mal. Que tudo isto lhe sirva de lição.
E face a isto aplicou-lhe uma pena de prisão.
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Pois é. a moderação deveria ser tida em consideração por todos . Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada. Sejamos donos da nossa boca, para não sermos escravos das nossas palavras. Uma das coisas que mais tem prejudicado a relação entre os homens, é o uso inadequado da língua. É verdade que tanto eu , como outra pessoa qualquer passa muitas vezes por situações tais como - o falar sem pensar, o resmungar, o murmurar, o praguejar, o condenar, o julgar, e tantas e tantas vezes sem um motivo justificativo , mas sómente levados pelo ímpeto de discordar

Claro que estamos perante uma democracia e nada significa que temos de aceitar calados tudo o que se vê ou fáz, não, não é isso, pois nós temos o direito e o dever de opinar, de corrigir, de participar, mas, se optarmos por julgar, aí , estamos a querer ser "Juíz" , e , para se ser juíz, devemos ser antes de mais ter todos os factos à mão antes de emitir o veredito, e os consequentes prós e contras. Quase sempre disparamos palavras , contentando-nos em opinar tendo à mão apenas os contras. O mais engraçado é que às vezes, nem isso temos. Acabamos por falar mal de alguém apenas porque ouvimos alguém falar, sem sequer nos preocuparmos em ouvir da parte do julgado o direito da defesa. No entanto, não gostaríamos que falassem assim de nós, essa é a verdade.
Este texto que aqui deixo e cujo teor de escrita me despertou a atenção algures na net, demonstra o quanto uma palavra mal-dita (ou maldita, como queira) pode fazer mal a uma pessoa . Disparam-se opiniões a torto e a direito sobre os outros, e muitos pagaram bem caro e continuarão a pagar por causa dessas palavras desmedidas, sem razão , do tal "diz-que-diz".
Pois é, há atitudes em nós que podem ser mudadas. Basta fazermos um esforço...
boa semana

segunda-feira, abril 09, 2007

143-nós e os outros...

Ninguém ficará indiferente a determinadas notícias que nos invadem a cada dia que passa, pelas mais diversas razões elas nos tocam, mas, ainda mais quando se trata de uma ajuda humanitária levada a cabo por uma equipa de voluntariado, destinada a minimizar o sofrimento de alguém e, mesmo assim, quase sempre acrescidas em mais que muitas dificuldades quanto à entrega de bens que tanta falta fazem a outros.
Refiro-me à reportagem passada na TV sobre a predisposição de um grupo de protugueses em angariar e levar em mão própria, auxílio, traduzido em géneros e equipamento médico, incluíndo uma ambulância e que de repente se vê rodeada de uma tão grande burocracia cuja demorosidade leva até a desistir a melhor das intensões.
Destinava-se este contributo a ser entregue à população mais que carenciada de Jamba Mineira (um dos distritos da província da Huíla, no Sul de Angola, a dois mil quilómetros da Jamba que foi o bastião da UNITA) , ali não há telefone nem outro tipo de comunicação que não seja o transporte precário. O correio e o telefone mais próximos ficam no Lubango, a antiga Sá da Bandeira: «Demora-se muitas horas de todo-terreno, aos saltos, para lá chegar». A picada é inexplicável, como conta alguém que já por lá passou em missão de ajuda humanitária. «Quando se chega, a primeira sensação é de tristeza e falta de conforto». Na Jamba não há nada que se assemelhe ao primeiro mundo em que vivemos; a água que abastece o hospital é bombeada à mão por uma angolana, que faz girar uma velha nora com o esforço dos seus braços, e os raros geradores que existem só trabalham quando há combustível. è para ali que se destina a caravana tão carinhosamente conseguida em Portugal. A ordem de partida seguindo os circuitos de cariz humanitário , demora cerca de um ano a chegar. A esta parcela de tempo demasiadamente importante, segue-se a apreensão já em Luanda para "despachar" favorávelmente toda a mercadoria que compõe a ajuda, neste espaço de tempo, a ambulância gentilmente cedida por um empresário português , é desfalcada de todo o equipamento auxiliar do motor, fazendo com que esta seja obrigada a ficar em uma oficina local aguardando reparação.
A surpresa não fica por aqui, pois para "livrar" toda a ajuda de tal burocracia , é exigido o pagamento de 4000 dólares , só assim ficando livre para seguir viagem.
O tempo perdido paga-se caro, e muito mais quando há pessoas que necessitam de nós, da nossa ajuda, da nossa compreensão, do nosso carinho. O caminho penoso, aliado às más condições atmosférica, contribuirão para que não se consiga alcançar o destino e proceder à entrega em outro local , a outras gentes , também elas sofrendo as consequências de uma guerra e da desconcertação de um Páis que teima em sofrer.
A Jamba, essa, ficará para outra oportunidade, se houver outra oportunidade, por muito que se queira dar de nós, perante tais situações de não colaboração, só levam a um desânimo cujas consequências serão sentidas ainda mais na pele de quem tanto sofre.
Não deixo de pensar no espírito de entre-ajuda de tanta gente, no espírito de voluntariado demonstrado, no sorriso que essas atitudes transmitirão, mas para que tal aconteça em pleno, é necessário que todos sejam responsáveis e não o pareçam sómente porque em determinada altura, no dia "xis", e em programa "tal" sejam agraciados por obras que quase sempre em nada contribuíram a não ser com entraves consecutivos a ajudas vindas de quem sente o prazer de "dar de si"...

Boa semana para todos

quarta-feira, abril 04, 2007

142-tricotando aqui e ali...

Bom dia leitores, cá estou para deixar umas simples palavras, que o tempo por aqui corre depressa, e sinto-me tão bem, tão bem, que por vezes até me esqueço como o tempo passa por nós, de facto o sentirmo-nos úteis tráz de volta um sorriso e um novo alento, ainda mais se tudo isso é em prol de outrém.
Apesar de não ver muita televisão, (que raios o único canal em condições por aqui é a TVI), talvez interferência desta envolvência de entre-serras. No domingo passado assisti , em opinião pessoal, a mais uma demonstração do que não deve ser feito em televisão. Como espectador, e só nessa qualidade me justifico. Estava no ar um directo do programa em jeito de reality-show na TVI, " a Bela e o Monstro", ou será "a Feia e o Mestre", bem, já nem sei... a verdade é que a apresentadora escolhida para este programa, deixa muito a desejar, e a exigir o regresso da Júlia à apresentação. Pois é, a Iva Domingues, "balha-me Deus, não habia nexexidadi" , a rapariga tem queda para o conflito, ela fala demais, ela pragueja, ela discute, ela acaba por querer armar uma guerra , vamos lá saber porquê em relação a um certo casal, cuja polémica do mesmo, não é razão suficiente para um ataque desmedido por parte da apresentadora , em directo, relegando para segundo plano, o próprio Júri e os participantes no programa.
Realmente ela põs completamente de lado, arrazando com tudo o que é "mau", um dos Nuno's , vá-se lá saber porquê, acabando até por demonstrar um ciúme doentio por tanto criticar o mesmo.
O que me parece é que a Iva Domingues deve ser mais moderada no tipo de condução que escolheu para o programa, pois deita tudo a perder quanto à sua participação simpática no "quem quer ganha" , para nos mostrar que como apresentadora de um programa do tipo de "a Bela e o Mestre" deixa muito a desejar, ou melhor , torna-se mesmo indesejável.
Valha-nos a presença do Zé Vasconcelos, e algumas entradas atrevidotas do júri para animar as sessões em directo, porque de resto, "nem o pai vem, nem a gente almoça".
Já agora uma palavrinha para a concorrente que saiu este último domingo, a Sofia, que fez parte do elenco de uma telenovela:- Pareceu-me estar a mesma a actuar conforme o fez na telenovela, isto é, refilona demais para o meu gosto, onde a falta de maturidade lactente, a levou a despejar palavras menos acertadas sobre outros colegas de casa, pois também ela no fundo , e só assim poderia ter sido, contribuiu para a sua saída ao ser expulsa neste último domingo, porque se ela falou mal da forma de agir do Nuno, também ela não foi muito feliz frente às cãmras, dizendo que estava farta, que estudar não era com ela, que não entendia o porquê do ser preciso estudar, e que mais, "assim e assado, frito e cozido , blá, blá, blá ". Pois é menina Sofia, a fase dos 18 anos ainda continua a ser tramada, fase de mudança, e por vezes uma apreciação qualificativa de nós próprios, não nos fica nada mal antes de deitar para o ar certas "postas de pescada", não esquecendo que quase sempre somos atingidos por actos e palavras quando disparados em qualquer direcção, sobretudo quando sobre eles a razão não existe, e quanto o não entender o porquê de ter de estudar, lembre-se que o saber não ocupa lugar...

e pronto, está na hora do "ir" , na esperança que cada um de Vocês fique bem,

forte abraço / GW