segunda-feira, abril 09, 2007

143-nós e os outros...

Ninguém ficará indiferente a determinadas notícias que nos invadem a cada dia que passa, pelas mais diversas razões elas nos tocam, mas, ainda mais quando se trata de uma ajuda humanitária levada a cabo por uma equipa de voluntariado, destinada a minimizar o sofrimento de alguém e, mesmo assim, quase sempre acrescidas em mais que muitas dificuldades quanto à entrega de bens que tanta falta fazem a outros.
Refiro-me à reportagem passada na TV sobre a predisposição de um grupo de protugueses em angariar e levar em mão própria, auxílio, traduzido em géneros e equipamento médico, incluíndo uma ambulância e que de repente se vê rodeada de uma tão grande burocracia cuja demorosidade leva até a desistir a melhor das intensões.
Destinava-se este contributo a ser entregue à população mais que carenciada de Jamba Mineira (um dos distritos da província da Huíla, no Sul de Angola, a dois mil quilómetros da Jamba que foi o bastião da UNITA) , ali não há telefone nem outro tipo de comunicação que não seja o transporte precário. O correio e o telefone mais próximos ficam no Lubango, a antiga Sá da Bandeira: «Demora-se muitas horas de todo-terreno, aos saltos, para lá chegar». A picada é inexplicável, como conta alguém que já por lá passou em missão de ajuda humanitária. «Quando se chega, a primeira sensação é de tristeza e falta de conforto». Na Jamba não há nada que se assemelhe ao primeiro mundo em que vivemos; a água que abastece o hospital é bombeada à mão por uma angolana, que faz girar uma velha nora com o esforço dos seus braços, e os raros geradores que existem só trabalham quando há combustível. è para ali que se destina a caravana tão carinhosamente conseguida em Portugal. A ordem de partida seguindo os circuitos de cariz humanitário , demora cerca de um ano a chegar. A esta parcela de tempo demasiadamente importante, segue-se a apreensão já em Luanda para "despachar" favorávelmente toda a mercadoria que compõe a ajuda, neste espaço de tempo, a ambulância gentilmente cedida por um empresário português , é desfalcada de todo o equipamento auxiliar do motor, fazendo com que esta seja obrigada a ficar em uma oficina local aguardando reparação.
A surpresa não fica por aqui, pois para "livrar" toda a ajuda de tal burocracia , é exigido o pagamento de 4000 dólares , só assim ficando livre para seguir viagem.
O tempo perdido paga-se caro, e muito mais quando há pessoas que necessitam de nós, da nossa ajuda, da nossa compreensão, do nosso carinho. O caminho penoso, aliado às más condições atmosférica, contribuirão para que não se consiga alcançar o destino e proceder à entrega em outro local , a outras gentes , também elas sofrendo as consequências de uma guerra e da desconcertação de um Páis que teima em sofrer.
A Jamba, essa, ficará para outra oportunidade, se houver outra oportunidade, por muito que se queira dar de nós, perante tais situações de não colaboração, só levam a um desânimo cujas consequências serão sentidas ainda mais na pele de quem tanto sofre.
Não deixo de pensar no espírito de entre-ajuda de tanta gente, no espírito de voluntariado demonstrado, no sorriso que essas atitudes transmitirão, mas para que tal aconteça em pleno, é necessário que todos sejam responsáveis e não o pareçam sómente porque em determinada altura, no dia "xis", e em programa "tal" sejam agraciados por obras que quase sempre em nada contribuíram a não ser com entraves consecutivos a ajudas vindas de quem sente o prazer de "dar de si"...

Boa semana para todos

1 comentário:

  1. olá general , o que descreve também já sucedeu comigo e um grupo de amigos, juntamos toneladas de géneros em 2004 e depois estivemos mais de 1 anos à epsera , acabando muito deles por espirar na validade, quando se trata de situações destas deveria haver um livre-trânsito atempado

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