sexta-feira, fevereiro 29, 2008

188-A melhor idade...

"A melhor idade é a que temos a cada dia que passa e... estamos cá" .
Diversas vezes referenciei esta frase nos momentos em que de algum modo alguém se refere aos anos que passam por todos nós. Mais um ano passou por mim, muitas felicitações pelo meu aniversário, em particular dos que me são próximos. Talvez , penso eu, esteja na altura de fazer um inventário de tudo o que vivi neste , já mais de 1/2 século.
Olho para a foto ao lado e é verdade que não me revejo muito nela, a não ser pelos "pneus" bem referenciados na dita cuja, até que , se vocês não sabem, eu conto... Foi através dessa foto que surgiu o característico boneco-mascote da "michelin"... estão a rir !! não acreditam ?? perguntem a eles ahahahah.
Dizia eu, não me rever muito na foto, datada de Julho de 1955 , e captada por um célebre fotográfo da Nazaré, o qual penso já não existir , cuja casa era conhecida por Foto Lucy. E porque é que eu não me revejo, perguntarão vocês ! porque hoje, modéstia à parte, estou muito mais elegante, deixei de ter "pneus" e passei a ter "câmara-de-ar" , tão simples quanto isso.
É verdade meus amigos , o tempo passa e eu tenho como refúgio de mim, este Blog onde vou despejando palavras, que para muitos podem ser sem nexo, mas para mim são quase como o (re)começar do resto da minha vida.
Recordo a meninice, os jogos entre a rapaziada, a escola primária, o futebol no largo da 4 lâmpadas, o pião, a malha (jogo ao feijão e ao botão) este último responsável por umas quantas palmadas bem dadas pela falta dos botões na roupa.
As tarde passadas na lagoa , os banhos quase sempre em "pelota", ah ! é verdade , e aquela vez que nos roubaram a roupa e fomos em "pêlo" p'ra casa , onde um valente raspanete nos esperava.
Depois, depois veio o secundário, as idas à mata do Tromelgo, os 1ºs namoricos. A perda do Pai aos 14 e o irmão aos 15, a entrada precoce na Vida profissional, o ensino nocturno, a tropa, e o 25 de Abril... Como o tempo vôa.
O casamento, ai como me lembro, eu enfiado naquele fato, todo "pipi", sapato de tacão alto tipo "cigano" , e a noiva deslumbrante como sempre, e depois... logo depois... o primeiro filho.
Tanto suor na construção da casa, tanta lágrima caída, tanto esforço que fizemos... O 1º carro , as recordações desse Mini Club vermelho , de novo o ensino nocturno, o Ad-hoc à faculdade , o curso de Sociologia estagnado a meio á espera de melhores dias... O nascimento da filhota...
Ai como o tempo corre, e eu por aqui... os pais que partiram, os sogros, os amigos... as saudades neste coração (que quase me traía)... O (re)encontro comigo mesmo, o aprender de novo a viver, o estar aqui convosco... Os amigos que tive (e tenho) á minha volta e que adoro, a família que eu amo, e a importância redobrada que eu hoje dou a cada momento vivido um após outro e que quero manter numa intensidade como se fosse o último...
É isto mesmo , "a melhor idade é aquela que temos a cada dia que passa e... estamos cá" . e eu, estou aqui... e por isso eu repito... a melhor idade ! é esta mesmo... a que eu tenho neste momento...

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

187-palavras para quê ...

"Catarina (nome fictício), de 14 anos, rosto de menina, olhar envergonhado caído no chão. Foi repetidamente violada pelo pai, um agricultor dos arredores de Oliveira de Azeméis, ao longo do último ano. Agora está grávida. Carrega um filho no ventre..."
Estas são as palavras descritas em notícia publicada num diário de grande tiragem. Situações deste tipo são constantemente noticiadas e , quase sempre ficam como no esquecimendo, esperando que tempos depois, uma outra notícia , e mais outra, e outra ainda, façam eco de tais brutalidades, muitas vezes levadas ao extremo de uma morte anunciada.
Qual será o viver destas crianças , molestadas e obrigadas a viver anos a fio num ambiente em que o silêncio se torna imperativa , face a agressões repetidamente consumadas, na maioria das vezes finalizadas em actos de violação consecutiva. O que pode levar alguém a agir desta forma e passo a citar :
" Na mesma altura em que Catarina começou a mudar o corpo de menina, o pai começou a violá-la perante o olhar da mãe, obrigada a assistir a tudo calada, sob ameaça. “Da primeira vez, a menina ainda tentou resistir, a mãe, ainda que tenha ido em seu socorro, foi barbaramente agredida”, diz a mesma fonte. "
Arrepio-me só de o saber, estremeço quando penso na agressividade pura deste homem que de Pai nada tem a não ser o acto biológico.
Mais adiante pode ler-se:
" As torturas da violação continuaram, sempre à noite, quando a menina estava a dormir. O violador obrigava a mãe a ir acordá-la. Algumas vezes, o irmão também assistia a tudo em silêncio, de lágrimas nos olhos, por nada poder fazer pela irmã e pela mãe. Em silêncio, o rapaz saía diariamente com a irmã para mendigar pelas ruas, sem coragem para denunciar o pior ..."
Não tenho palavras para continuar a escrever sobre este assunto, enoja-me só o facto de saber da existência desse homem. Para quando uma justiça forte e de mão pesada para estas situações ? Vamos andar sempre a recorrer de decisões apresentadas psoteriormente, dando como (im)provado disturbíos mentais ? .
Não, não sou capáz de digitar qualquer outra palavra, sinto-me mal, muito mal mesmo por tais atitudes...
pode ler mais aqui

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

186-sempre é dia de namoro...

o dia 14 de fevereiro, sempre para mim trará recordações, ainda mais quando nesse dia em 2006 estive dias no S.O. , mas também há coisas boas que devem ser mencionadas e a minha paixão pela escrita "poematizada" é o indicativo disso mesmo, assim , (re) lembrando...
Esperei por ti

Esperei por ti,
Naquele banco de jardim,
Tão frio.
Esperei por ti,
Sem tu saberes de mim,
Horas a fio…
Se disseste que não vinhas,
Porque esperei …
Talvez na esperança
Da surpresa
Que no teu pensar
Houvesse a mudança
Que abafasse
A minha tristeza…

Mesmo assim,
Esperei por ti…
Sem saberes de mim,
Sem saber de ti…

Vale a recordação
No meu peito,
E se o esperar fôr em vão,
Amar-te neste meu jeito…

GW/2000.07.11

pois... é verdade... eu tinha destas coisas, qualquer semelhança com o dia dos namorados e a data de 2000.07.11 , para mim , jamais será pura coincidência...

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

185-Porquê ?

Tanto me têm perguntado ultimamente o porquê de , sendo eu uma pessoa sempre, ou quase sempre bem disposta, alegre, brincalhão, onde raramente se via uma pontinha de desagrado ou tristeza pelo que fosse, deixar cair, dizia eu, estes últimos dias, e em particular nas ultimas postagens do Blog algo de tristeza, dizendo-me até esses amigos que pareço ter perdido o brilho dos meus olhos.
É verdade, este não vai ser uma das postagens mais felizes, continuo de semblante carregado, não que a Vossa ajuda e as Vossas palavras deixem de ser imprtantes, nada disso, aliás até agradeço, só que no momento nem sei sequer como retribuir, como transmitir até esse lado, até cada um de Vós um pouco dessa alegria que como dizem , me caracterizava.
Apesar dos altos e baixos constantes, tenho procurado previlegiar o bem estar dos que me rodeiam, mas, momentos há em nossas vidas que por mais que queiramos, acabamos por nso sentir impotentes perante o que desejamos para outros, nomeadamente quando se trata de aliviar a dor de alguém. Um carinho sempre se dá, mas noto, ser tão pouco perante o que é meu dever fazer para aliviar essa dor.
Quando acabava por me habituar a uma situação dificil, vivida fáz agora dois anos, hoje felizmente quase ultrapassada, vejo-me confrontado com uma assistência que queria eu fosse a melhor possível, ao qual o nosso serviço de saúde não pode ou não sabe corresponder favorávelmente, noto a cada dia que passa um maior sofrimento em alguém, pela minha incapacidade em ajudar aquela que comigo partilha uma vida em comum de já 33 anos... Queria poder fazer mais, queria poder dar mais de mim, queria poder ter em minhas mãos o alívio para uma dor que se arrasta... Ontem senti nos seus olhos mais uma vez um sofrimento silencioso de quem não quer dar a conhecer e com isso deixar triste os que lhe são próximos...
Dou por mim a esperar demais para fazer o que é preciso ser feito, num mundo que só nos dá um dia de cada vez, sem nenhuma garantia do amanhã. Enquanto isso lamentamos que a vida é curta, e acabamos por agir como se tivéssemos à nossa disposição um stock inesgotável de tempo para viver, sabendo de ante-mão não ser assim... A verdade porém é que quero ter todo o tempo do mundo e esse eu tenho-o, quero ser forte e estar contigo pelo menos por mais 33 anos, e acima de tudo que os possas viver sem os contratempos de uma dor que ultimamente não te tem permitido estar bem.
É este o meu sentir do momento, é esta a minha forma de estar nos últimos tempos, nem sempre o sorriso vem, nem sempre há um brilho em nosso olhar, é esta uma das razões do meu afastamento "pessoal" do "chat" , da net, - é este o momento que possuo, que é o estar disponível onde mais posso dar de mim...
Sei que este espaço apesar de ser pessoal, tem muitos leitores, sei também que muitas das coisas que nós escrevemos , sejam onde for, acabam por ser transportadas também para o íntimo de quem as lê, mas sou assim, é esta a forma de ser e de estar a que me habituei, partilhando momentos... bons... maus... assim-assim...

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

184-Saudade de ti...

Hoje senti infinitamente uma Saudade de ti. Sei que o facto de seres o irmão mais próximo em idade, sempre me fez circundar o terreno à tua volta como se a tua presença fosse por si só uma protecção para mim. Sabes, sinto que poderíamos ter vivido muito, numa harmonia constante, se a vida o tivesse permitido.
Há dias recebi um convite para estar presente numa reunião de ex-soldados que contigo fizeram o ultramar, a distãncia foi factor impeditivo para participar, mas, foi mais que suficiente para me trazer á memória, momentos passados então nesse já longínquo dia ( passam 38 anos, não é ?) . Trocamos imensas palavras nos meses que sucedaram ao falecimento do nosso pai, sei que era do teu agrado os desenhos ao estilo de BD que te enviava, retratando os acontecimentos cá da terra e, eu , tão contente ficava por poder colocar-te um sorriso nessa face corroída pelo sofrimento de uma guerra.
Recordo a impusição que fizeste após a minha entrada no mundo profissional , relevando a necessidade de prosseguir os estudos, recordo as palavras escritas de ânimo que me transmitiste quando , ainda menor, fiquei sozinho mais a mãe.
Ironia do destino, seria eu o primeiro a receber a notícia da tua morte. Tinha saído do trabalho, seriam umas 18horas, quando o carteiro parou a motorizada junto a mim e me entregou uma carta , de sentidos pêsames pela tua morte. Porque fui eu o escolhido para essa leitura ? quando nem sequer ainda tinhamos recebido uma comunicação do comando, como parecia ser hábito em situação identica ?
Como iria eu transmitir á nossa mãe o sucedido ? Qual a forma de reagir nos meus 14 anos de idade ?.
Foram dias, foram meses, foram anos dificeis, muito dificeis mesmo, a tua imagem projectava-se em tudo o que a minha consciência procurava, os meus pensamentos, os meus sonhos...
Há dias quando me convidaram para essa reunião de ex-combatentes, senti de novo , após estes anos todos um nó na garganta, lembrei-me de ti, lembrei-me dos outros nove companheiros de armas que tombaram naquele dia em Mueda...
Sinto de novo a tua imensa falta... acreditas ? preciso de ti !!...