sexta-feira, abril 20, 2007

145-depressão pós-parto

Com o devido respeito pelas mulheres, porque há momentos que só elas sentem enquanto mulheres e mães, socorri-me das que me rodeiam para trazer a público algo que nunca antes aprofundei deste modo.
Sinto-me triste, e eu que andava tão bem ultimamente, hoje sinto-me particularmente triste. Várias vezes ouvi falar em depressão pós-parto e as possíveis situações emergentes desse momento, mas nunca tão profundamente me havia sido dado a conhecer de forma tão trágica, mas a verdade, é que pelo pior motivo ouvi de novo falar sobre tal assunto.
A filha de um casal muito nosso amigo e residente aqui pertinho de nós, colocou termo à vida na sequência de uma depressão pós-parto. À beira dos 40, licenciada, com um mestrado, empresária de sucesso, três filhos, o mais novo com 4 meses, não conseguiu ultrapassar uma série de reacções que a levaram a tão tresloucado acto.
Já me haviam dado a conhecer que com o parto, e após este surgem reações as quais causam profundas ansiedades no (num) ambiente familiar e social de forma quase imediata. Procurei numa conversa em casa, inteirar-me um pouco mais sobre o assunto, falarmos sobre tal e procuramos debater o porquê de existir assim um desenvolvimento aliado a um trauma que a recente mãe vive a partir do momento do parto associado a uma perda repentina de percepções conhecidas, como são os sons internos das mães, o calor do aconchego, enfim, o sentido total de protecção, e a sequência para um surgir de percepções novas e assustadoras.
É nestas situações e, passoa a citar ""no inconsciente, o parto vivido como uma grande perda para a mãe, muito mais do que o nascimento de um filho. Ao longo dos meses de gestação ele foi sentido como apenas seu, como parte integrante de si mesma e, bruscamente, torna-se um ser diferenciado dela, com vida própria e que deve ser compartilhado com os demais, apesar de todo ciúme que desperta. Sendo assim, a mulher emerge da situação de parto num estado de total confusão, como se tivessem lhe arrancado algo muito valioso ou como se tivesse perdido partes importantes de si mesma. ""
Torna-se assim o acto de nascer , também ele, uma separação corporal definitiva. Este é o significado mais doloroso do parto e que se não for bem elaborado e acompanhado, pode trazer uma depressão muito mais intensa .
Pelo que li, os sintomas do estado depressivo variam quanto à maneira e intensidade com que se manifestam, pois dependem do tipo de personalidade da parturiente , assim como a sua própria história de vida, associadas também a mudanças fisiológicas. Momentos de intensa ansiedade de carência materna, as quais podem ser caracterizadas por uma forte dependência infantil em relação à própria mãe ou ao marido , assim como as de autodepreciação, quando se sente incapaz de assumir as responsabilidades maternas, e até mesmo inútil, quando não consegue captar a compreensão do significado do choro do bebê para poder satisfazê-lo. Situações que dessa maneira, podem fazer a parturiente apresentar-se cheia de uma energia despropositada, eufórica, falante, preocupada com seu aspecto físico e com a ordem e arrumação do ambiente em que se encontra, manifestando até alguns transtornos do sono.
Existe um imenso rol de estados de "alma" que devem ser bem acompanhados por quem se encontrar por perto. Assim, e como refere uma médica que tem estudado estas situações "se a família e os amigos colaborarem de modo satisfatório, proporcionando confiança e segurança à recente mãe, principalmente no tocante às atividades maternas, sem críticas e hostilidades, mas com compreensão e carinho, acolhendo-a nos momentos de maior fragilidade emocional, a depressão pós-parto vai diminuindo de intensidade até se transformar em carinho pelo bebê e respeito pelo ritmo de seu desenvolvimento e progresso."
Cada vez mais deve acontecer um acompanhamento , com o propósito de fornecer não apenas informações na forma de agir, mas, principalmente, permitir que a parturiente possa expressar livremente seus temores e ansiedades, a fim de ter assistência e orientação psicológica para enfrentar as diversas situações de adaptação de uma forma mais realista e confiante, tendo como base um trabalho preventivo, através de acompanhamento médico pré-natal e/ou de suporte no caso de estarmos perante uma depressão pós-parto já instalada.
p.s. algumas passagens retiradas da apresentação "in net" feita pela Drª Ana Maria Moratelli da Silva Rico - Psicóloga Clínica.
Boa semana para todos / GW

3 comentários:

  1. bom dia,
    sei também de uma situação ocorrida perto de nós, em que a Mãe, andou de tal modo alheada de tudo e tão abismada durante muito tempo, renegando a sua própria vivência, e auto-estima, com profundos sintomas de depressão e atitudes demosntartivas de isolamento com tentativas de suicídio à mistura.
    Situações que só quem as vive poderá um dia entender o porquê (se esse dia chegar) poris muitas vezes quando se dá por ela , já é tarde demais. será que não existe culpa por parte daqueles que rodeiam e que estão perto da mulher nesses momentos ?

    Obrigada General por trazeres estes temas tão delicados "a lume"
    Bjinhos

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  2. olá. sem duvida 1 tema interessante. para alem de todos os problemas psicologicos inerentes e k se tornam dificeis de contornar, tb temos, mtas vezes a pouca colaboração do pai,com o devido respeito pelos pais, mas k em mtas vezes nem se kerem chegar perto "pork nao conseguem pegar no bebe, pork a mulher nao esta em condições de o mimar a ele, adulto mtas vezes ciumento de um ser k prende toda a atenção da mae pelo seu genetico sentido de protecção.
    num periodo em k o corpo da mulher nao tem tanta disponibilidade para a relação com o seu marido, mtos destes olham-nas com o tipico olhar: "agora é k se estragou". nao conseguindo ter momentos de altruismo para ajudar a mae k passa, periodicamente, por um periodo deveras complicado e diferente da sua vida.
    mas é a sociedade k temos. "os filhos são coisas de mulheres".... a santa ignorancia.
    obg pelo artigo k frisa outros aspectos deveras importantes e contributivos para o bem estar da familia, pois é disso k se trata efectivamente.
    bom fds e bj

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  3. A Falta de Compreensão e o Necessário Apoio de quem de perto convive com a recente Mãe, o mais grave é muitas vezes nem sequer "nos querermos aperceber de que algo está mal" e dexa-se o tempo passar , dias atrás de dias em que é notório uma diferença a que nos tornamos indiferentes.
    Obrigado GW pelo texto

    A.Thierry

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