sexta-feira, outubro 28, 2005

19 - Vivências ( I )

28-10-2005 -Acordei bastante resmungão, não sei se pelo cinzento do tempo ou se por causa própria. Ah já sei, foi o raio de um dos cães que não me deixou dormir durante a noite, pois é, teimam em deixá-lo na rua e depois é assim, por isso ele andava numa correria, sobe e desce, desce e sobe, pela escada que dá acesso ao terraço da garagem e por sua vez ao sótão. Isso me traz à ideia que o barulho era provocado pelo baloiçar de uma velha cadeira que guardo lá, e que se torna incómoda quando ele salta para cima da mesma e se baloiça com o peso do seu corpanzil eheheh , é isso mesmo agora me lembro.
Bem, meus amigos fiquem com o meu texto de final de semana e portem-se bem, que aquilo que nos pagam não dá para nos portarmos mal
Vivências... ( I )
Não se pode dizer que o Outono esteja no seu vigor, mas é verdade que as árvores começam a aparecer aqui e ali despidas da folhagem, e onde isso ainda não acontece, é bonito de ver o seu tom castanho/avermelhado. Como recordo neste período a meninice, as brincadeiras vividas e, tantas vezes me pergunto, onde estão alguns dos meus amigos de então, dessas brincadeiras, do berlinde, da cabra-cega, do pião, da bilharda e outros que a memóra não (re)lembra...
Ao sabor dessas recordações e dos tempos passados em reunião de família, me deixo de novo como que embalar, parecendo ainda ouvir o tocar da sanfona pelo meu pai, enquanto a minha mãe ultimava o jantar numa grande panela de ferro forjado, sobre uma velha “trempe” já fragilizada pelo tempo de uso, como se ainda ouvisse o trepidar da lenha na fogueira e percorresse meu corpo o calor emanado pela mesma, e nós quase como que amontoados em seu redor, não deixando sequer um lugar vazio que fosse, onde eu por ser o mais novo denotava alguma dificuldade em chegar ao mesmo, não fosse soccorrer-me da generosidade da minha irmã mais velha, bem, é difícil numa família de tantos irmãos conseguir um lugar, mas a verdade é que o calor deles , os meus irmãos, por si só era muitas das vezes suficiente, o que me permitia dispensar o calor da fogueira que eu de boa vontade trocava pelo aconchego do colo de qualquer um deles.
Depois, bem depois, os anos vão passando por nós, e quase tudo se repete, tenho o privilégio de viver em casa térrea, razoável, retirado dos grandes centros, onde há espaço para quase tudo.
Não vou falar das galinhas e outras aves tais como os patos, os canários e os periquitos, porque se o sabem, lá se vai a privacidade das mesmas perante a ameaça da dita gripe, mas sim do espaço para os cães, os gatos, os peixes, o hamster, os porquinhos da Índia e etc, (dirão Vocês, isto não é um quintal, isto é um jardim zoológico), mas lembro-vos de novo, não digam nada a ninguém, até porque eu não tenho licença para tanta bicharada eheheh, e depois como é que é ?
Isto tudo relatado porquê ? Porque além de propriamente gostar da bicharada, fizeram alguns, parte da alegria dos filhos quando mais novos, assim como dos sobrinhos também (xiiiiiii tanto sobrinho, tanta criançada, á volta de 30 ?) , é mais que óbvio que essa companhia tem sido importante. Mas, queria eu falar sim, da reunião da família à volta da fogueira, espírito que ainda se mantém, em especial quando o frio chega, quando o vento ruge lá fora, quando a chuva cai e, o qual apesar de ainda não ser muito acentuado já fáz apetecer uma fogueirita, umas castanhas assadas e a tradicional água-pé, ah, já agora uns enchidos também vinham mesmo a calhar ( e depois não querem ter uns kilitos extras).
Embora nos reunamos muitas vezes à volta da fogueira, as histórias que se contam, já são poucas ao contrário do antigamente, os temas falados são outros, e também incluímos aqui os nossos "mexericos", mas o importante é estarmos juntos, recorda-se a família não presente e dá-se graças a Deus por mais um dia passado. É verdade que aqui no litoral, perto do mar, nada é igual ao que era vivido na beira-alta, em casa dos meus pais, onde até aí as castanhas eram dos nossos castanheiros, a "pinga" também, sem falar naquela "bola de carne", penso que é assim que se chama. Verifiquei numa das últimas passagens por lá, que a casa (que já não é nossa) foi recuperada.
Mas, o tempo passa, quase sem darmos por ele, e a vivência recordada aqui e ali da nossa juventude, hoje se transporta para a dos nossos filhos e até mesmo dos nossos netos, não “enfiados” como então, naqueles bibes, quase sempre aos quadrados minúsculos, e as alparcatas de pano, sem sola , hoje trocados pelos jeans esfarrapados, as adidas da moda, os cabelos em pé, moldados por um gel de marca, onde não fáz parte o tradicional e indispensável carro de madeira, que se encostava ao ombro, ou um simples aro de bicicleta que fazia as nossas delícias, rolando pelo caminho de terra batida, e que agora foram ocupados por um skate, ou uma bicicleta de montanha, uma acelera, ou mesmo um carrito que custa os olhos da cara. -Mas o bom de tudo isto , é saber que se consegue um tempinho para nós (não tanto como desejamos), porque as agruras da vida, as quais algumas teimam em permanecer, mas onde mesmo assim o espírito familiar se mantém, embora surgindo pelo meio altos e baixos, mas que de cabeça erguida e com a força que temos, somos sempre capazes de remar contra a maré, estar presente no momento preciso e dizermos “estou aqui”. E que este “estou aqui” não se traduza só para quem convive diariamente comigo, mas também para quem está ausente , mas sempre presente, sejam familiares, sejam amigos.
Ah , e já agora , se puderem, venham daí, passem por cá, há sempre um lugar disponível junto à lareira…
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Beijokas & Abraços / GW

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