quarta-feira, maio 10, 2006

84 - Força de viver...

Há situações no decorrer das nossas vidas, que pela forma como aparecem, nos deixam boquiabertos, utilizando nós muita vez a frase "Logo isto havia de acontecer a mim". A verdade é que por grave seja o que for que nos acontece, há sempre alguém em pior situação do que a nossa, há sempre alguém a necessitar de cuidados, há sempre alguém perto de nós em súplica e que nós tão "cobardemente" fazemos por não ver.

Força de viver...
Esta introdução com a qual dou início a este texto, prende-se pelo facto de também eu me fazer de "cego", quando na realidade tanta coisa se passa à minha volta e, claro, a tendência é para ver o que nos agrada aos olhos e não aquilo que nos toca os sentimentos. Mil e uma coisa me passaram pela cabeça quando de repentinamente me vi na situação em que me encontro, nunca em vez alguma, estive pendente de terceiros e notei essa necessidade, acabei pela situação me sentir um "piegas", um "choramingas", desanimado, e até em alguns momentos sem força para enfrentar o dia seguinte. Tudo isto porque de repente me vi confrontado com um problema de doença, com algumas complicações sobretudo de mobilização que na verdade me deixaram de rastos. Mas o que é isto perante outras situações ? é tão pouco perante o que Vos conto.
Hoje, ao escutar um testemunho num programa da TVI, perto da hora do almoço, dei de caras com a presença de uma pessoa quase vizinha, que não via há muitos anos e meu espanto quando tomo conhecimento do sucedido em tempos idos. Este meu desconhecimento só demonstra mais uma vez a não preocupação pelo que nos rodeia e tanta vez tão pertinho de nós. De facto também eu tenho olhado demais para o meu próprio umbigo ao ponto de desconhecer o episódio relatado hoje nesse mesmo progra.
A força demonstrada por essa mulher, ainda jovem, tantos anos maltratada pelo marido, incapáz de denunciar uma situação, por temer que algo de grave pudesse acontecer aos seus filhos, chegando a uma situação em que é alvejada na zona do pescoço pelo próprio marido, lutando durante meses entre a vida e a morte e que hoje revejo através desse programa, como o maior símbolo de Coragem e Determinação.
Com perda da mobilização total, associada a uma vóz precária resultado dos ferimentos, a vi ali numa cadeira de rodas especial, procurando através de um acessório incluso na própria boca, pintando, escrevendo e até teclando num computador. Não pude deixar que não uma, mas várias lágrimas corressem em minha face. Ali estava, à minha frente, num monitor de TV, uma pessoa que apesar de ter vivido perto de mim tantos anos e eu conhecer pessoalmente, eu desconhecia a sua situação, talvez pelo facto de estar há muito internada, a verdade é que nunca me preocupei em saber, é um facto. Pergunto-me o porquê do não conhecimento? Talvez porque nos embrenhamos em coisas pessoais, não olhando pelo que corre em nosso redor, tornando-nos tão independentes como se nada mais existisse à nossa volta. geralmente é assim, se algo de grave nos acontece, lembramo-nos de tudo e todos e na forma de nos ajudarem a minimizar tais estragos, mas porquê só nestas situações de desespero próprio ? e os outros não contam ? que peso representa a dor do nosso semelhante em nós ?
Tenho-me sentido tão piegas em realção ao que me aconteceu, quando na realidade há pessoas que viveram momentos tão mais dramáticos e que são um exemplo de Coragem, de Força, de Esperança, em que cada segundo é vivido numa luta constante, num demonstrar ao Mundo, "Eu sou capáz, eu vou conseguir , eu jamais desistirei".
E eu perante toda esta determinação sinto-me tão pequenininho, quando não há comparação possível entre o que me acontece e a realidade lá fora. Procurar dar de mim, só porque eu acho que me devo dar, pode por vezes ser pouco e/ou ser tarde para quem necessita.
Que o meu Sorrsio Vos ajude a nunca deixarem de sorrir

GW

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