segunda-feira, novembro 14, 2005

29 - Direito à escolha...

As pessoas são aquilo que são e nunca aquilo que nós queremos que elas sejam, essa é a verdade, mas muitos de nós, ainda teimamos em querer “moldar” os outros à nossa semelhança sem nos darmos conta que cada qual tem uma Vida própria que deverá gerir como o seu interior ditar…

Numa sociedade em que nos julgamos estar bem inseridos, por vezes cometemos falhas sem nos apercebermos até que ponto elas podem ferir outrém, por querermos fazer valer a nossa opinião, como se fossemos conhecedores de tudo.
Senão, vejamos o relato que é feito num dos jornais diários sobre o namoro entre jovens do mesmo sexo, neste caso duas raparigas. Começa o relato por ser feito desta forma e passo a citar : “Eram amigas, tornaram-se namoradas. O romance talhado na rebeldia adolescente escandalizou a escola onde estudam…” mais adiante “Chamaram-lhes nomes no intervalo, fizeram queixa delas às respectivas famílias. Elas nunca imaginaram que ao abraço e ao beijo se podiam suceder as lágrimas.
É assim… é uma história como tantas outras, talvez o facto de serem raparigas tenha pesado mais, talvez a sociedade ainda não saiba aceitar o direito à diferença, onde devia estar sempre presente o lema “todos diferentes, todos iguais”.
Seria bom que as pessoas procurassem aceitar coisas , as quais não podem ser definidas por elas próprias no que diz respeito à vida dos outros.
Em mentalidades retrógradas ainda existem preconceitos quanto à maneira como cada um age e na forma que cada qual olha o outro se a sua escolha de parceiro, não se verifica com um sujeito do sexo oposto. Afinal, foi assim que nos ensinaram, foi assim que aprendemos, mas, a atracção por pessoas e em pessoas do mesmo sexo sempre existiu, tal como tantas outras situações aos olhos de muitos, anómalas para uns, tolerantes para outros, mas que no fundo sempre estiveram presentes, desde o aparecimento do Homem.
Agora, quando me é dado a conhecer através da leitura que fiz, do alarido provocado, com um acto de extrema repulsa, levado a cabo por docentes e funcionários da escola frequentada pelos adolescentes em causa, quando deveriam ser os mesmos a preservar e a apoiar a decisão das intervenientes, disponibilizar apoio e acompanhamento adequado para os problemas que as mesmas irão enfrentar na Sociedade, por uma falta de aceitação que devia ser de todos nós, baseadas num direito de Liberdade que assiste a todos…
Mas, infelizmente não é assim em todo o lado e os preconceitos persistem, e pior ainda , não só os preconceitos, mas também a “má-língua” em relação a tais factos, lamento que assim seja.
Vejam por exemplo a passagem a seguir, e qual a reacção de uma funcionária, a qual continuo a citar : “Eram as férias, não estava quase ninguém na escola e eu dei-lhe um beijo no recreio. Uma empregada viu e começou aos berros: ‘Estão a comer-se uma à outra, ali em baixo!”, conta, contrafeita, a mais velha e a mais faladora das duas...
Bem, algo está mesmo mal neste País, e o que se queria que fosse uma demonstração afectiva para com elas, num acto de apoio, de carinho pela opção tomada, se transformou num “terror” para ambas, como poderão sentir-se bem perante modos de actuar deste tipo, adoptados por terceiros para com elas… E a nossa vida própria, não conta? E o direito à escolha? Penso que seria bom esses Senhores, quer os Docentes, quer as auxiliares e outros, terem e aceitar outra postura, e quem sabe serem-lhe administradas umas aulas sobre o que é o “respeito mútuo”.

Boa semana para Vocês
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Beijokas & Abraços / GW

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